A Igreja vive da e na Eucaristia

    O Concílio Ecumênico Vaticano II reafirmou o conceito de Eucaristia como sendo a fonte e o ápice da vida cristã. Uma expressão muito rica de significados. Dando assim à Eucaristia seu valor dinâmico e cósmico. Podemos dizer que dela tudo nos vem e nela tudo ganha consistência. É o canto do livro do Apocalipse, pois a Eucaristia é a própria presença consumada e resumida de todo o mistério cristão. Dom supremo que alimentou e continua a alimentar tantas vidas e a vida de tantos santos, sobretudo os mais ativos em nosso tempo e também nos tempos passados. Com esta afirmação do Concílio Vaticano II, podemos até dizer que toda a vida cristã, quando vivida em autenticidade e plenitude é profundamente eucarística, pois, como bem nos lembrou o Papa São João Paulo II, “a Igreja vive na Eucaristia e através da Eucaristia”.
    A Eucaristia é o cume e a fonte da Igreja, seu centro fundamental. Tudo veio do Pai, tudo a Ele retorna como um cântico espiritual. Tudo Nele ganha consistência. E este laço de amor trinitário se mostrou visível na vida do Filho amado de Deus, a Verdadeira e Única Eucaristia do Pai.    
    O padre De Lubac percebe que é válido ainda hoje o adágio da Igreja antiga: “Lex orandi instituit Lex credendi” (A lei da oração constitui a lei do crer), em palavras simples, a Igreja crê naquilo que ela reza e como ela reza. Neste sentido, o padre De Lubac observa que quase todas as orações eucarísticas antigas trazem sempre o sentido de uma dinâmica ao seu interno, que pede que tanto o pão quanto o vinho transubstanciados sejam a causa de nossa real transformação no Corpo de Cristo, que é a Igreja. Esta intuição permitiu ao padre De Lubac distinguir e aprofundar a própria noção de Eucaristia e de Igreja. A Eucaristia, na compreensão da Igreja antiga era mais mística e espiritual. O termo místico, que, naquela época não possuía o mesmo significado que hoje lhe atribuímos, fazia ver a Eucaristia como um dom autêntico de Deus, capaz de nos colocar em relação profunda com Deus.
    Estes termos e conceitos do primeiro milênio tornavam possível perceber o claro sentido e a função da Eucaristia, que era a de nos conduzir para a nossa transformação, a transformação de nossa humanidade no corpo de Cristo.
    Ao vivermos mais uma quinta feira santa quando celebrarmos a instituição da Eucaristia e do Sacerdócio é uma ocasião para aprofundarmos ainda mais em nossa vida a comunhão com Cristo e com os irmãos.