A glória de Maria Santíssima.

    Por motivos pastorais, no Brasil, convencionado pela CNBB, foi transferido do dia 15, quando este dia se dá no calendário semanal, para o domingo seguinte a celebração da Solenidade da Assunção de Nossa Senhora. Vivemos, também, no terceiro domingo do mês vocacional, o dia dedicado aos consagrados e consagradas.

    O Concílio Ecumênico Vaticano II, na Constituição Dogmática Lumen Gentium 59, ensina que: “…a Virgem Imaculada, preservada imune de toda a mancha da culpa original (198), terminado o curso da vida terrena, foi elevada ao céu em corpo e alma (183) e exaltada por Deus como rainha, para assim se conformar mais plenamente com seu Filho, Senhor dos senhores (cfr. Apoc. 19,16) e vencedor do pecado e da morte (184)”( http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_const_19641121_lumen-gentium_po.html, último acesso em 15 de agosto de 2017).

    Maria Santíssima, a Mãe do Filho de Deus, a Mãe da Igreja e a nossa Mãe, está no céu, em corpo e alma. É o que nos ensina a primeira leitura da missa de hoje: uma mulher vestida de sol, tendo a luz debaixo dos pés(cf. Ap 11,19a; 12,1.3-6a.10ab) Maria, a Mãe de Jesus(Jo 2,4;19,26). A mulher que aparece vestida com o sol (Deus) representa a nova Eva, a Igreja e também Maria, que deu a luz a Jesus, o novo Moisés e libertador do novo povo de cristãos, simbolizado pela coroa de doze estrelas sobre a sua cabeça. O dragão é a “antiga serpente” que cresceu até tornar-se um imenso dragão, isto é, o império romano que oprimia os seguidores de Jesus. O dragão é também a famosa besta do apocalipse (Ap 13), cunhada com o número 666, o qual provem da soma das letras hebraicas de Cesar e Nero. O dragão quis devorar o filho da mulher, o que simboliza a opressão vivida pelos cristãos. A mulher foge para o deserto, lugar de refúgio e da presença de Deus. Uma mulher, Maria, na memória e na resistência dos cristãos, é sinal de libertação. Aparece no céu a Mulher que gera o Messias; as doze estrelas indicam quem ela é: o povo das doze tribos, Israel – não só o Israel antigo, do qual nasce Jesus, mas também o novo Israel. Ao ouvir esse texto, a liturgia pensa em Maria. Maria assunta ao céu sintetiza em si, por assim dizer, todas as qualidades desse povo prenhe de Deus, aguardando a revelação de sua glória.

    São Paulo testemunha na Segunda Leitura(cf. 1Cor 15,20-27a) que Jesus Cristo ressuscitou verdadeiramente: “Cristo ressuscitou dos mortos como primícias dos que morreram”(Cf. 1Cor 15,20-27a). A segunda leitura faz o confronto entre Adão e Jesus Cristo. Em Adão todos morrem. Em Cristo todos os batizados ressuscitam, já que o último inimigo a ser vencido é a morte!

    O Evangelho(Lc 1,39-56) narra a visita de Nossa Senhora a sua prima Isabel, depois da Anunciação. Maria Santíssima, a nova e autêntica Arca da Aliança, traz consigo o Salvador do mundo, para oferece-lo como remissão da humanidade.

    No Magnificat é importante ressaltar como Deus exalta os humildes. Devemos ter clara consciência de pessoas “humildes” no sentido bíblico são aquelas que são rebaixadas, humilhadas, oprimidas. A “humildade” não é vista como virtude aplaudida, mas como baixo estado social mesmo, como a “humilhação” de Maria, que nem tinha o status de casada, e de toda a comunidade de humildes, o “pequeno rebanho” tão característico do Evangelho de Lucas (cf. 12,32, texto peculiar de Lc). Na maravilha acontecida a Maria, a comunidade dos humildes vê claramente que Deus não obra por meio dos poderosos. É a antecipação da realidade escatológica, na qual será grande quem confiou em Deus e se tornou seu servo (sua serva), não quem quis ser grande pelas próprias forças, pisando os outros. Assim, realiza-se tudo o que Deus deixou entrever desde o tempo dos patriarcas (as promessas). A glorificação de Maria no céu é a realização dessa perspectiva final e definitiva. Em Maria são coroadas a fé e a disponibilidade de quem se torna servo da justiça e da bondade de Deus; impotente aos olhos do mundo, mas grande na obra que Deus realiza. É a Igreja dos pobres de Deus que hoje é coroada.

    O Magnificat de Maria é o resumo da obra de Deus com ela e em torno dela. Humilde serva – faltava-lhe o status de mulher casada –, foi “exaltada” por Deus para ser mãe do Salvador e participar de sua glória, pois o amor verdadeiro une para sempre. A grandeza de Maria Santíssima não vem do valor que a sociedade lhe confere, mas da maravilha que Deus nela opera. Aconteceu um diálogo de amor entre Deus e a moça de Nazaré: ao convite de Deus responde o “sim” de Maria, e à doação dela na maternidade e no seguimento de Jesus responde o grande “sim” de Deus, com a glorificação de sua serva. Em Maria, Deus tem espaço para operar maravilhas.

    Vemos muito nos dias de hoje, infelizmente, que aquelas pessoas que  estão cheios de si mesmos não deixam Deus agir e, por isso, são despedidos de mãos vazias, pelo menos no que diz respeito às coisas de Deus. O filho de Maria coloca na sombra os poderosos deste mundo, pois, enquanto estes oprimem, ele salva de verdade.

    O prefácio da Missa desta Solenidade resume o que celebramos: “Hoje, a Virgem Maria, Mãe de Deus, foi elevada à glória do céu. Aurora e esplendor da Igreja triunfante, ela é consolo e esperança para o vosso povo ainda em caminho, pois preservastes da corrupção da morte aquela que gerou, de modo inefável, vosso próprio Filho, feito homem, autor de toda a vida”.

    Maria, preservada da corrupção da morte, elevada em corpo e alma ao céu, nos lembra que Ela é um caminho seguro par irmos ao encontro do seu Filho Jesus. Nesta quadra histórica, em que celebramos os 300 anos do encontro da imagem da Virgem Maria, no Rio Paraíba, em São Paulo, quando voltamos nossos olhares para a Senhora Aparecida, a Virgem Gloriosa, que nos abre os caminhos do céu e nos ensina a fazer a vontade de Seu Filho Jesus. Nunca se ouviu dizer de quem a Ela, a Mater Dei, tenha recorrido, não tenha sido atendido. Procuremos viver o exemplo de Maria, que servindo a sua prima anciã, nos ensina a servir aos irmãos, testemunhando o Ressuscitado em todos os ambientes de nossa vida e de nossa caminhada.

    Pedindo a proteção de Maria Santíssima para nossos anseios, confiando nossas dores, pedindo a cura de nossos males, olhamos para a Virgem Maria, oferecendo, de maneira especial, uma prece agradecida a todos os consagrados e consagradas, que nos ajudam, pelo seu testemunho a “descobrir a pureza do Evangelho e a alegria do anúncio que salva. Maria, primeira discípula e missionária, Virgem que se fez Igreja, interceda por nós!”

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