Meus queridos irmãos e irmãs,
Estamos nos aproximando de um momento muito especial em nossa caminhada de fé: a 9ª Jornada Mundial dos Pobres. Neste ano, somos convidados a meditar sobre um tema que toca o coração da nossa espiritualidade: “Tu és a minha esperança” (Sl 71, 5).
No dia a dia, corremos o risco de nos acostumarmos com a pobreza. Ela se torna parte da paisagem de nossas cidades, e os rostos dos que sofrem tornam-se invisíveis para nós, que estamos sempre tão ocupados com nossas próprias vidas. Por isso, esta Jornada, que a CNBB nos convida a celebrar durante uma semana inteira (de 9 a 16 de novembro), é um verdadeiro “sacudir” de Deus em nossas consciências.
O que significa dizer “Tu és a minha esperança?”
Muitas vezes, colocamos nossa esperança em coisas passageiras: no dinheiro, no conforto, no reconhecimento. Mas o salmista, e o pobre que vive o Evangelho no dia a dia, nos ensina uma lição poderosa: a única esperança que não decepciona é aquela colocada inteiramente no Senhor.
O Papa Leão XIV, em sua mensagem, nos desafia a não ficarmos apenas nas palavras. A esperança cristã não é passiva; ela não espera sentada. A esperança cristã é ativa, ela nos coloca em movimento, ela nos transforma em uma “Igreja em saída”.
A maior pobreza que podemos ter é a da indiferença. É olhar para o irmão que sofre e passar adiante.
Por isso, o convite desta Jornada não é apenas para “fazer caridade”. É muito mais profundo: é um convite ao encontro. Não basta doar o que nos sobra; somos chamados a dar de nós mesmos. Precisamos ter a coragem de olhar nos olhos, de tocar as feridas, de ouvir as histórias.
Quando nos encontramos verdadeiramente com o pobre, algo maravilhoso acontece: nós somos evangelizados. São eles, com sua fé resiliente e sua dependência radical da Providência, que nos ensinam onde está a verdadeira esperança. Eles nos mostram o rosto de Cristo sofredor, que é o mesmo Cristo ressuscitado.
Que nossas paróquias e comunidades no Brasil não vivam esta semana como uma obrigação, mas como uma oportunidade de ouro para a conversão. Que não tenhamos medo de “perder tempo” com os pobres, de sentar-nos à mesa com eles, de caminhar juntos.
Não podemos mudar o mundo inteiro sozinhos, mas podemos mudar o pequeno mundo da pessoa que está ao nosso lado. E é assim, de encontro em encontro, que a esperança deixa de ser um sentimento e se torna um gesto concreto de amor.
Que Deus abençoe nossas comunidades e nos dê a graça de sermos missionários desta esperança viva.
Com minha bênção,




