Jesus nos dá um novo mandamento: amai-vos!

    No 5º domingo da Páscoa, a liturgia recorda-nos que a comunidade nascida de Jesus tem como tarefa fundamental, no mundo e na história, ser sinal vivo do amor de Deus por todos os seus filhos. Foi essa a tarefa que Jesus, ao despedir-se, deixou aos seus discípulos.

    O Evangelho – Jo 13,31-33a.34-35 – leva-nos à sala onde Jesus, pouco antes de ser preso e condenado à morte, celebrou uma ceia de despedida com os discípulos. Convida-nos a escutar e a tomar nota do “testamento” de Jesus: “dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros. Como Eu vos amei, amai-vos também uns aos outros”. Este “mandamento” resume toda a vida, todos os ensinamentos, todas as palavras e gestos, todas as propostas de Jesus.

    A característica específica que diferencia o mandamento de Jesus do descrito na Torá é a medida: “como vos amei”. Aí está toda a diferença entre um e outro. Ou seja, Jesus amou até doar a própria vida, até a morte. O amor de Jesus é serviçal: põe-se a serviço dos mais necessitados. Esse amor é fundamental para os seguidores de Jesus, pois os identifica como seus discípulos: não busca atender interesses, pois é livre de exigências de gratificação.

    Jesus inova com o “amor mútuo”. Jesus não pede que o amemos ou amemos a Deus, e sim que nos amemos uns aos outros. Encontra-se com Deus quem se abre à necessidade dos irmãos; essa é a maneira mais visível de demonstrar que o amamos. É preciso desconfiar do amor que dizemos ter a Deus se nos mostramos incapazes de amar aos outros. A vocação cristã se caracteriza pelo amor recíproco. Um amor que constrói comunidade e não exclui as pessoas.

    A primeira leitura – At 14,21b-27 – fala-nos de algumas das comunidades cristãs da Ásia Menor nascidas do labor missionário de Paulo e Barnabé. Essa leitura relata a conclusão da primeira viagem missionária de Paulo e de sua equipe. Ao retornarem, revisitam as comunidades, confirmando-as na fé e no testemunho. Procuram animá-las diante dos obstáculos e, nomeando anciãos, organizam cada uma delas. Deus abriu as portas da fé aos “pagãos”. São comunidades que acolheram a Boa nova de Jesus e que aceitaram o desafio de viverem e de testemunharem o “mandamento novo”. Enquanto comunidades fraternas, animadas pelo dinamismo do Reino, elas são sal que dá sabor e luz que ilumina o mundo.

    A segunda leitura – Ap 21,1-5a – apresenta-nos a meta final para onde caminhamos: o novo céu e a nova terra, “a morada de Deus com os homens”, a casa definitiva dos que foram chamados a viver no amor, a cidade nova onde os filhos amados de Deus encontrarão vida em abundância. O autor descreve a nova realidade, sem dor e sem mortes. Oxalá essa profecia se realize. O novo céu e a nova terra deixarão de ser sonho à medida que nos deixarmos guiar por aquele que “faz nova todas as coisas”.

    O Mandamento do amor compõe a missão do Senhor, e, para seus seguidores, se torna distintivo e marca indelével – “Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros” (Jo 13,35). O exemplo dado por Jesus na Cruz, além de ser seguido por seus discípulos, inaugura a identidade de todo cristão. Quem não ama como Jesus amou, isto é, com o amor de Cruz, não é discípulo autêntico e fiel do Senhor! Já não são os discursos que dão testemunho da presença invisível de Jesus entre nós, e sim o amor que os cristãos têm uns pelos outros. O amor é a marca de todos os cristãos!

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