A Oitava da Páscoa: oito dias para viver a alegria da Ressurreição

    A Páscoa do Senhor é a maior e mais solene celebração da fé cristã. É o coração do ano litúrgico, a festa da vida nova que brota da vitória de Cristo sobre o pecado e a morte. E tamanha é a importância deste mistério, que a Igreja não o celebra apenas em um único dia, mas o prolonga por oito dias consecutivos, como se fossem um só e único dia de festa: a Oitava da Páscoa.

    Na tradição litúrgica da Igreja, algumas grandes solenidades são prolongadas por meio de uma “oitava” — um período de oito dias que tem seu início na própria solenidade e se estende até o domingo seguinte. No caso da Páscoa, a Oitava começa no Domingo da Ressurreição e vai até o Segundo Domingo da Páscoa, também chamado Domingo da Divina Misericórdia, instituído por São João Paulo II.

    Cada dia da Oitava é celebrado como uma solene festividade pascal, com cantos, aclamações e liturgias que mantêm o tom jubiloso do Domingo da Ressurreição. Não há jejuns nem memórias obrigatórias: é tempo de exultar, cantar o Aleluia e proclamar com fé: Cristo ressuscitou! Verdadeiramente ressuscitou!

    A Oitava da Páscoa é mais do que uma continuidade litúrgica: é um convite espiritual para mergulhar mais profundamente na alegria da Ressurreição. Assim como os discípulos precisaram de tempo para compreender e acolher a notícia de que Jesus estava vivo, também nós precisamos deixar que essa luz penetre nossos corações ao longo dos dias.

    Durante a Oitava, a liturgia nos apresenta os encontros do Ressuscitado com seus discípulos: Maria Madalena no jardim, os discípulos de Emaús no caminho, Tomé no cenáculo… São experiências que revelam como o Cristo vivo se manifesta a nós de forma concreta e transformadora. Ele entra nas portas fechadas, aquece os corações que caminham tristes, chama cada um pelo nome.

    Celebrar a Oitava da Páscoa é também acolher o chamado do Senhor à missão. Os Evangelhos destes dias nos mostram Jesus enviando os discípulos a anunciar o Evangelho, a levar a paz, a perdoar os pecados, a curar os doentes. A alegria da ressurreição não é um tesouro para ser guardado, mas uma chama a ser compartilhada.

    Por isso, este tempo é particularmente oportuno para renovar nosso compromisso cristão: viver como ressuscitados, irradiar esperança, cultivar gestos de reconciliação e de fé. A Oitava da Páscoa deve transbordar em nossas atitudes, em nossas palavras, em nosso testemunho diário.

    O oitavo dia, o Domingo da Divina Misericórdia, encerra esse tempo especial e nos recorda que a ressurreição de Cristo é o maior sinal do amor misericordioso de Deus por nós. Nele, contemplamos o Coração de Jesus aberto para a humanidade, oferecendo-nos perdão, paz e salvação. É um dia de graça, profundamente pascal, que nos convida a confiar plenamente em Jesus e a sermos instrumentos de misericórdia no mundo.

    A Oitava da Páscoa nos ensina que a Ressurreição de Cristo não é um acontecimento do passado, mas uma realidade viva, presente, atuante em nossa história. Ao celebrarmos esses oito dias como um único grande domingo, deixemo-nos renovar pela força do Ressuscitado.

    Que a alegria pascal nos impulsione a sermos testemunhas da vida, mensageiros da paz e servos da esperança. Cristo venceu a morte! Esta é a nossa fé. Esta é a nossa missão. Aleluia!

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