Amados irmãos e irmãs em Cristo,
Neste 5º Domingo da Quaresma, somos chamados a contemplar a infinita misericórdia de Deus, que não apenas perdoa, mas também renova e transforma nossas vidas. As leituras de hoje nos convidam a olhar para frente, para o novo que Deus está sempre realizando em nossa história, e a abandonar tudo aquilo que nos prende ao passado, especialmente o peso dos nossos pecados e das nossas limitações.
Na primeira leitura – Is 43,16-21–, o profeta Isaías proclama: “Eis que realizo uma coisa nova: ela já está brotando, e vós não a vedes?” (Is 43,19). Deus é aquele que faz surgir caminhos no deserto e rios na terra seca. Ele está sempre conduzindo seu povo para uma realidade nova, para um futuro de esperança e renovação. Na nossa caminhada quaresmal, somos chamados a abrir nossos corações para essa novidade divina, deixando para trás tudo o que nos impede de crescer na graça e na santidade.
O Salmo 125(126) reforça essa esperança, mostrando que o Senhor é aquele que restaura a sorte do seu povo: “Os que semeiam entre lágrimas, recolhem com alegria” (Sl 125,5). Deus é fiel e transforma nossa dor em alegria, nossa tristeza em exultação. A Quaresma nos desafia a confiar nessa promessa e a perseverar, mesmo quando enfrentamos dificuldades e tribulações.
Na segunda leitura – Fl 3,8-14 –, São Paulo nos ensina que nada tem mais valor do que conhecer Cristo: “Considero tudo como perda diante da vantagem suprema que consiste em conhecer a Cristo Jesus, meu Senhor” (Fl 3,8). O apóstolo nos convida a desapegar-se das seguranças humanas e a colocar toda a nossa confiança em Deus. Na Quaresma, somos chamados a esse desprendimento, deixando de lado tudo o que nos impede de um encontro mais profundo com o Senhor.
O Evangelho de hoje – Jo 8,1-11 – nos apresenta uma cena marcante: a mulher adúltera e Jesus. Os escribas e fariseus trazem essa mulher a Jesus para testá-lo, mas Ele, com sua infinita sabedoria e misericórdia, responde: “Quem dentre vós não tiver pecado, seja o primeiro a lhe atirar uma pedra” (Jo 8,7). Um a um, os acusadores vão se retirando, até que resta apenas Jesus e a mulher. O Senhor, que é a encarnação da misericórdia, não a condena, mas lhe oferece um novo começo: “Eu também não te condeno. Vai, e de agora em diante não peques mais” (Jo 8,11).
Essa passagem nos mostra que a justiça de Deus é inseparável de sua misericórdia. Jesus não aprova o pecado, mas também não condena a pecadora. Ele a convida à conversão e a uma vida nova. Quantas vezes, em nossa caminhada, nos sentimos indignos do amor de Deus por causa dos nossos erros? Mas Cristo nos ensina que a sua graça está sempre disponível para aqueles que se arrependem e desejam mudar de vida.
O tempo da Quaresma nos prepara para a grande experiência pascal, na qual celebramos a vitória de Cristo sobre o pecado e a morte. Hoje, Ele nos convida a lançar fora nossas pedras, nossos julgamentos precipitados e nossas próprias culpas, para acolher a misericórdia que nos transforma e nos dá nova vida. Assim como a mulher adúltera foi chamada a um novo caminho, também nós somos chamados a sair da escuridão do pecado e a caminhar na luz da graça.
Aproveitemos para uma boa e completa confissão auricular pedindo perdão de nossos pecados e voltando a amizade com Deus pela santidade de vida e de estado. Deus nos ajude neste bom propósito quaresmal!
Que esta Eucaristia nos fortaleça na busca da conversão sincera e no desejo de viver segundo o Coração de Cristo. Que possamos, a exemplo do Senhor, ser também instrumentos de sua misericórdia no mundo, acolhendo e amando nossos irmãos e irmãs com o mesmo amor com que fomos acolhidos por Deus. Amém.
