A Assunção de Nossa Senhora é a esperança de nossa participação no céu!

    Celebramos, no Brasil, transferido do dia 15 de agosto, para o domingo seguinte a Solenidade da Assunção de Nossa Senhora. “A Imaculada Virgem, preservada de toda mancha da culpa original, terminado o curso da sua vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celeste e foi exaltada pelo Senhor como Rainha do Universo, para mais plenamente conformar-se a seu Filho, Senhor dos senhores e vencedor do pecado, e da morte”(LG 59). Maria, elevada ao céu, é primícia da Igreja celeste e o sinal da esperança segura e do conforto para a Igreja peregrina(ibid. 68). A “Dormitio Virginis” e a Assunção, no Oriente e no Ocidente, estão entre as mais antigas festas marianas. Este antigo testemunho litúrgico foi explicitado e solenemente proclamado pela definição dogmática de Pio XII em 1950.

    A Primeira leitura – Ap 11,19a;12,1.3-6a.10ab – Maria, imagem da Igreja. Como Maria, a Igreja gera na dor um mudo novo. E como Maria, participa na vitória de Cristo sobre o Mal. As visões do Apocalipse exprimem-se numa linguagem codificada. Elas revelam que Deus arranca os seus fiéis de todas as formas de morte. Por transposição, a visão o sinal grandioso pode ser aplicada a Maria. O livro do Apocalipse foi composto no ambiente das perseguições que se abatiam sobre a jovem Igreja, ainda tão frágil. O profeta cristão evoca estes acontecimentos numa linguagem codificada, em que os animais terrificantes designam os perseguidores. A Mulher pode representar a Igreja, novo Israel, o que sugere o número doze (as estrelas). O seu nascimento é o do baptismo que deve dar à terra uma nova humanidade. O Dragão é o perseguidor, que põe tudo em ação para destruir este recém-nascido. Mas o destruidor não terá a última palavra, pois o poder de Deus está em ação para proteger o seu Filho.
    Proclamando esta mensagem na Assunção, reconhecemos que, no seguimento de Jesus e na pessoa de Maria, a nova humanidade já é acolhida junto de Deus.

    No Salmo Responsorial – Sl 44(45): Bendita és tu, Virgem Maria! A esposa do rei é Maria. Ela tem os favores de Deus e está associada para sempre à glória do seu Filho.

    Na Segunda leitura – 1Cor 15,20-27a – Maria, nova Eva. Novo Adão, Jesus faz da Virgem Maria uma nova Eva, sinal de esperança para todos os homens. A Assunção é uma forma privilegiada de Ressurreição. Tem a sua origem na Páscoa de Jesus e manifesta a emergência de uma nova humanidade, em que Cristo é a cabeça, como novo Adão.
    Todo o capítulo 15 desta epístola é uma longa demonstração da ressurreição. Na passagem escolhida para a festa da Assunção, o apóstolo apresenta uma espécie de genealogia da ressurreição e uma ordem de prioridade na participação neste grande mistério. O primeiro é Jesus, que é o princípio de uma nova humanidade. Eis porque o apóstolo o designa como um novo Adão, mas que se distingue absolutamente do primeiro Adão; este tinha levado a humanidade à morte, ao passo que o novo Adão conduz aqueles que o seguem para a vida. O apóstolo não evoca Maria, mas se proclamamos esta leitura na Assunção, é porque reconhecemos o lugar eminente da Mãe de Deus no grande movimento da ressurreição.

    Evangelho – Lc 1,39-56 – fala Maria, Mãe dos crentes. Cheia do Espírito Santo, Maria, a primeira, encontra as palavras da fé e da esperança: doravante todas as gerações a chamarão bem-aventurada! O cântico de Maria descreve o programa que Deus tinha começado a realizar desde o começo, que ele prosseguiu em Maria e que cumpre agora na Igreja, para todos os tempos. Pela Visitação que teve lugar na Judeia, Maria levava Jesus pelos caminhos da terra. Pela Dormição e pela Assunção, é Jesus que leva a sua mãe pelos caminhos celestes, para o templo eterno, para uma Visitação definitiva. Nesta festa, com Maria, proclamamos a obra grandiosa de Deus, que chama a humanidade a se juntar a ele pelo caminho da ressurreição. Em Maria, Ele já realizou a sua obra na totalidade; com ela, nós proclamamos: “dispersou os soberbos, exaltou os humildes”. Os humildes são aqueles que crêem no cumprimento das palavras de Deus e se põem a caminho, aqueles que acolhem até ao mais íntimo do seu ser a Vida nova, Cristo, para o levar ao nosso mundo. Deus debruça-se sobre eles e cumpre neles maravilhas.

    Duas mulheres se encontram e partilham a vida e a autoajuda. Elas carregam no ventre filhos que mudarão a história da humanidade: Jesus e seu precursor, João Batista. Essas duas mães e seus filhos são uma bênção para a humanidade de todos os tempos. Isabel proclama Maria bem-aventurada por acreditar no que o Senhor lhe prometeu. Por sua vez, Maria proclama a grandeza de Deus, que não apenas fez grandes coisas em seu favor, mas também exalta os pobres, dispersa os soberbos e derruba os poderosos.

    Maria age como discípula do Mestre, ainda em seu ventre, cantando as maravilhas de Deus. Jesus ensinará a amar o próximo e a oferecer-se pelo irmão como ele mesmo fez. Maria visita Isabel, sai de si, não se acomoda, vai ao encontro de Isabel, necessitada de cuidados. Maria canta as maravilhas de Deus no Magnificat. Glorifica a Deus que realizou gestos de bondade em seu favor e de todo o povo. Glorifica a Deus, vendo realizarem-se nela todas as promessas feitas pelo Senhor. O Cântico todo é um mosaico, composto de recordações de fatos e promessas do Antigo Testamento, acentuando a misericórdia e a força única de Deus. Pela sua misericórdia e pela sua força, Deus se lembra dos humildes e dos pobres, erguendo-se e, ao mesmo tempo, derrubando os soberbos, os poderosos e os avarentos. Para os cristãos de hoje, discípulos e missionários de Jesus, este Cântico é canção de esperança. Deus, pelo seu Cristo, que veio e retornará, nos fará participar da mesma bem-aventurança concedida a Maria, aquela que acreditou. Por isso, cheios de esperança e fé, podemos cantar confiantes a realização, entre nós, daquilo que Maria esperava, viu realizar-se e cantou. A Solenidade da Assunção de Nossa Senhora nos convida a celebrar confiantes a mais sublime esperança da fé cristã: como Cristo Ressuscitou, todos que, pela fé, confessaram seu nome, seguindo-o nesta vida, ressuscitarão com Ele, por Ele e Nele. Tudo isso se articular com a pregação de Paulo, conforme a segunda leitura: “Cristo Ressuscitou dos mortos como primícias dos que morreram”(1Cor 15,20).

    Rezar por Maria. Frequentemente, ouvimos a expressão: “rezar à Virgem Maria”.. Esta maneira de falar não é absolutamente exata, porque a oração cristã dirige-se a Deus, ao Pai, ao Filho e ao Espírito: só Deus atende a oração. Os nossos irmãos protestantes que, contrariamente ao que se pretende, por vezes têm a mesma fé que os católicos e os ortodoxos na Virgem Maria Mãe de Deus, recordam-nos que Maria é e se diz ela própria a Serva do Senhor. Rezar por Maria é pedir que ela reze por nós: “Rogai por nós pecadores agora e na hora da nossa morte!” A sua intervenção maternal em Caná resume bem a sua intercessão em nosso favor. Ela é nossa “advogada” e diz-nos: “Fazei tudo o que Ele vos disser!”

    Rezar com Maria. Ela está ao nosso lado para nos levar na oração, como uma mãe sustenta a palavra balbuciante do seu filho. Na glória de Deus, na qual nós a honramos hoje, ela prossegue a missão que Jesus lhe confiou sobre a Cruz: “Eis o teu Filho!” Rezar com Maria, mais que nos ajoelharmos diante dela, é ajoelhar-se ao seu lado para nos juntarmos à sua oração. Ela acompanha-nos e guia-nos na nossa caminhada junto de Deus.

    Rezar como Maria. Aprendemos junto de Maria os caminhos da oração. Na escola daquela que “guardava e meditava no seu coração” os acontecimentos do nascimento e da infância de Jesus, nós meditamos o Evangelho e, à luz do Espírito Santo, avançamos nos caminhos da verdade. A nossa oração torna-se ação de graças no eco ao Magnificat. Pomos os nossos passos nos passos de Maria para dizer com ela na confiança: “que tudo seja feito segundo a tua Palavra, Senhor!”

    Esta solenidade nos enche de consolação e de esperança, a nós que caminhamos neste mundo rumo ao céu, nossa pátria definitiva. Cantemos com o prefácio – consolo e esperança para o povo em caminho – “Aurora e esplendor da Igreja triunfante, Ela é consolo e esperança para o vosso povo ainda em caminho, pois preservastes da corrupção da morte aquela que gerou, de modo inefável, o próprio Filho feito homem, autor de toda a vida”.

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