O texto de Ef 4,17. 20-24 é um trecho da carta que é endereçada a cristãos que vieram do paganismo. Eles foram instruídos conforme a verdade que está em Jesus, ou seja, tornaram-se pela catequese e recepção do Batismo novas criaturas, Homem Novo. Essa passagem pressupõe mudança radical que tem repercussões na comunidade cristã e na vida da sociedade. O autor fala dos desafios enfrentados pelo Homem Novo na sociedade.
Os anos que passou em Éfeso foram suficientes para que Paulo sentisse o que é viver numa sociedade que tem como eixo a ganância de posse, prazer e poder. Isso vai corroendo as bases sociais, pervertendo as relações entre as pessoas. A essa prática ele chama de “alienação do projeto de Deus”.
O desafio do Homem Novo é viver nessa sociedade sem entrar no esquema alienante. A “carta” apela para a catequese que os cristãos receberam “conforme a verdade que está em Jesus”. A solução que aí se vislumbra é a da atitude profética de ruptura com esses esquemas sócias iníquos, abandonando a conduta passada, a do velho homem, corrompido por paixões enganadoras. Esse é o aspecto negativo, bem sintonizado com a denúncia dos profetas do Antigo Testamento.
O aspecto positivo consiste em assumir nova postura no modo de ser e de pensar. O texto emprega uma imagem própria do rito do Batismo daquele tempo: a troca de roupa. A veste nova recebida no Batismo significa a nova identidade do batizado: ele agora é Homem Novo, criado à imagem de Deus. Os objetivos a serem atingidos são justiça e santidade verdadeira. O Homem Novo é alguém que luta por uma sociedade justa e pela justiça entre as pessoas. A santidade verdadeira é a que não faz a religião isentar-se do compromisso com o mundo novo como se, para ser santo fosse necessário não sujar-se com a realidade que nos cerca. É verdadeira santidade justamente porque não se isenta do compromisso com a transformação das realidades de morte em propostas de vida para todos. A relação com Deus, portanto, passa através de relações justas e fraternas na sociedade.