Ao aparecer aos discípulos no Cenáculo Jesus “soprou sobre eles e disse-lhes: “Recebei o Espírito Santo” (Jo 20,22). O Espirito Santo dá sentido à vida cristã. Naquele instante Jesus institui o Sacramento da Penitência e suas palavras foram meridianamente claras:” Àqueles a quem perdoardes os pecados, ficar-lhes-ão perdoados; àqueles a quem, os retiverdes, ficar-lhes-ão retidos ” (v 23). Pelo contexto se percebe que o Espírito Santo é um sopro libertador e através dos Apóstolos e seus sucessores alforriaria pela Confissão todo e qualquer falta, restituindo inclusive a graça santificante no caso dos pecados mortais. Trata-se ainda da emancipação de todo egoísmo, afastando todas as impurezas da alma. Garantia inclusive do auxílio medicinal, fortalecendo o seguidor de Cristo na luta contra as insídias diabólicas e sanando as feridas causadas pelo desprezo da Lei do Senhor. Pelo Sacramento da Penitência aquilo que é superficial é afastado e cristão se lança nas profundezas da intimidade com Deus. Um dos efeitos, de fato, deste valioso Sacramento é intensificar a comunhão divina, imergindo no amor imenso da Trindade Santa. Um amor que tem mil facetas e se desdobra em sublimes maravilhas. O pecador a arrependido conhece então a alegria e a paz, firma sua fé, torna-se senhor de si mesmo. Riquezas imensas para o coração e o espírito. Deus quer penetrar até às ultimas fibras do ser humano e quem pecou e procurou se confessar, logo percebe a imensidade da dileção de seu Senhor. Pode inclusive receber a Eucaristia, porque terrível sacrilégio, profanação diabólica da Comunhão é receber o Corpo de Cristo em pecado grave. É claro que o cristão que vive sob as luzes do Espírito Santo normalmente está em estado de graça e pode comungar, mas, de acordo com o Confessor, deve, de quando em quando, se aproximar do Sacramento da Penitência para buscar novas forças espirituais, luzes mais intensas vindas do alto, total purificação interior. No contexto atual no qual se multiplicam os assaltos do inimigo, quanto mais se fortalecer o cristão, tanto mais sairá vitorioso contra o mal. Nem se pode esquecer que cada Eucaristia é um novo Pentecostes, desde que se tenham continuamente abertas as portas do próprio coração e haja uma repulsa sincera dos obstáculos da caminhada, afastado sempre todo desânimo. Deste modo, estão intimamente unidas estas realidades: o Espírito Santo, o Sacramento da Penitência e a Eucaristia. Assim é que é formado o homem espiritual, aquele que percebe a força do Espírito como um componente novo de si mesmo e vive o devir pascal em Cristo como uma experiência própria num amadurecimento na prática de todas as virtudes. Na solenidade de Pentecostes Cristo está a dizer a cada um: “Recebei o Espírito Santo” com seu clarão iluminador, esclarecedor. Trata-se da vida segundo o Espírito vida difundida entre os seguidores de Cristo que dão testemunho de que Deus se integra cada vez mais intimamente em cada alma em estado de graça. É o submergir da vida humana na vida divina. O Espírito Santo é um poder existente no íntimo da existência trinitária. É o amor eterno, consubstancial entre o Pai e o Filho. Este Espirito Divino é então comunicado por Jesus a seus epígonos, agindo a Terceira Pessoa da Trindade Santa de uma maneira maravilhosa através do Sacramento da Penitência e da Eucaristia para santificar aqueles a quem Cristo garante sempre a felicidade. Nem se deve esquecer, outrossim, que todo dom carismático oferecido pelo Espírito Santo a cada uma das almas se caracteriza por estar sempre esse dom exclusivamente em função de Cristo integral e eclesial. A obra própria do Espírito Santo é comunhão ou comunicação que leva à participação da plenitude de Cristo Redentor. Eis porque o Espírito Santo leva cada um dos fiéis a pensarem e agirem como membros do Corpo místico de Cristo. Quando há algum desvio pela Confissão a união com Deus é restabelecida. Diante dos perigos de um mundo materializado e preso às veleidade terrenas o Espírito Santo conduz os fiéis a receberem na Eucaristia a fortaleza que os torna invencíveis ´perante as invectivas do espírito perverso. Por tudo isto que acabamos de refletir nada mais necessário do que invocar sempre em toda parte a presença deste Espírito Divino para que ele encha o coração de cada um, firmando-o na prática de todo bem, pois Ele renova todas as coisas.
* Professor no Seminário de Mariana durante 40anos.