Confiança na oração

    Neste final de semana celebramos o Dia Mundial das Missões e da Infância Missionária. Neste mês das Missões (tradição no Brasil), e de acordo com o mês missionário extraordinário convocado pelo Papa Francisco, temos a oportunidade de refletir neste final de semana sobre o tema apresentado pelo papa para este mês extraordinário, assim como o tema do mês das missões no Brasil: Batizados e Enviados: a Igreja de Cristo em missão no mundo. Na mensagem do papa para o dia mundial das missões, lemos assim em um dos trechos:

    Pedi a toda a Igreja que vivesse um tempo extraordinário de missionariedade no mês de outubro de 2019, para comemorar o centenário da promulgação da Carta apostólica Maximum illud, do Papa Bento XV (30 de novembro de 1919). A clarividência profética da sua proposta apostólica confirmou-me como é importante, ainda hoje, renovar o compromisso missionário da Igreja, potenciar evangelicamente a sua missão de anunciar e levar ao mundo a salvação de Jesus Cristo, morto e ressuscitado.

    O título desta mensagem – «batizados e enviados: a Igreja de Cristo em missão no mundo» – é o mesmo do outubro Missionário. A celebração deste mês ajudar-nos-á, em primeiro lugar, a reencontrar o sentido missionário da nossa adesão de fé a Jesus Cristo, fé recebida como dom gratuito no Batismo. O ato, pelo qual somos feitos filhos de Deus, sempre é eclesial, nunca individual: da comunhão com Deus, Pai e Filho e Espírito Santo, nasce uma vida nova partilhada com muitos outros irmãos e irmãs. E esta vida divina não é um produto para vender – não fazemos proselitismo –, mas uma riqueza para dar, comunicar, anunciar: eis o sentido da missão. Recebemos gratuitamente este dom, e gratuitamente o partilhamos (cf. Mt 10, 8), sem excluir ninguém.

    Essa fé, fruto do encontro com Jesus Cristo, é o que somos chamados a comunicar e testemunhar neste mundo. Com a celebração do dia mundial das missões, somos chamados a vivenciar nossa fé, aprofundá-la, comunica-la e contagiar todo este mundo com nossa vivência cristã. Neste final de semana teremos também a coleta para a evangelização, sinal da caridade responsável dos cristãos demonstrada em relação às missões. Sobre esta ajuda material fala também o Papa Francisco em sua carta:

    “Gostaria de concluir com uma breve palavra sobre as Pontifícias Obras Missionárias, que a Carta apostólica Maximum illud já apresentava como instrumentos missionários. De fato, como uma rede global que apoia o Papa no seu compromisso missionário, prestam o seu serviço à universalidade eclesial mediante a oração, alma da missão, e a caridade dos cristãos espalhados pelo mundo inteiro. A oferta deles ajuda o Papa na evangelização das Igrejas particulares (Obra da Propagação da Fé), na formação do clero local (Obra de São Pedro Apóstolo), na educação duma consciência missionária das crianças de todo o mundo (Obra da Santa Infância) e na formação missionária da fé dos cristãos (Pontifícia União Missionária). Ao renovar o meu apoio a estas Obras, espero que o Mês Missionário Extraordinário de outubro de 2019 contribua para a renovação do seu serviço missionário ao meu ministério”.

    Reflitamos intensamente sobre esta realidade que nos é confiada. Aprofundemos o tema, utilizando os subsídios que nos sãos oferecidos como texto base. novenas, círculos bíblicos e demais encontros de formação e reflexão. A preocupação missionária começa em nossas vidas, em nossas famílias, ao nosso redor e se difunde a todas as nossas regiões e países. Não podemos deixar de cumprir a missão que Jesus deixou para nós: Ide pelo mundo inteiro e pregai o Evangelho a toda a criatura! A Igreja não seria Igreja se não fosse missionária.

    Neste 29º Domingo do Tempo Comum, a Palavra de Deus vai nos apresentar o convite a renovarmos a nossa confiança na oração. Saber que o Senhor nos escuta e nos ouve nos dá um novo ânimo para lidar com as mais variadas adversidades e circunstâncias da vida. Muitas são as situações que parecem nos colocar como descrentes, nos faz duvidar da presença e do cuidado de Deus em relação aos nossos afazeres, fazendo-nos esquecer do Deus pessoal que nos conhece, nos chama pelo nome e que está sempre disposto a nos escutar. Deus sabe do que necessitamos e nos dará tudo aquilo que nos seja necessário! Deus sabe muito mais do que nós! Essa certeza deve ser algo vivo e constante em nós e para nós. Quem proclama o senhorio de Jesus sobre sua vida deve demonstrar cada vez mais essa confiança em que o Senhor cuida e sabemos em quem pusemos nossa confiança.

    A Leitura do Evangelho de Lucas (Lc 18, 1-8), vai falar exatamente sobre isso, através do uso das imagens do juiz que não temia a ninguém e da viúva que insistia em seu clamor:

    Naquele tempo: Jesus contou aos discípulos uma parábola, para mostrar-lhes a necessidade de rezar sempre, e nunca desistir.

    O próprio Jesus conta uma história para suscitar a necessidade de rezar sempre e sem desistência. Em meio a esse mundo que está aí e tenta nos desanimar e questionar em meio a tantas situações, devemos continuar firmes e permanecer em oração.

    Numa cidade havia um juiz que não temia a Deus, e não respeitava homem algum. Na mesma cidade havia uma viúva, que vinha à procura do juiz, pedindo: `Faze-me justiça contra o meu adversário!’ Durante muito tempo, o juiz se recusou. Por fim, ele pensou: ‘Eu não temo a Deus, e não respeito homem algum. Mas esta viúva já me está aborrecendo. Vou fazer-lhe justiça, para que ela não venha a agredir-me!” E o Senhor acrescentou: ‘Escutai o que diz este juiz injusto. E Deus, não fará justiça aos seus escolhidos, que dia e noite gritam por ele? Será que vai fazê-los esperar? Eu vos digo que Deus lhes fará justiça bem depressa.

    A viúva não tinha a quem recorrer, já que não tinha ninguém por ela. Tanta foi a insistência da viúva que ele resolve atender os pedidos aquela viúva, não por ser um homem bom, mas pela insistência da viúva.

    Mas o Filho do homem, quando vier, será que ainda vai encontrar fé sobre a terra?’ A palavra nos exorta a rezar sempre e com confiança no Senhor, ao mesmo tempo que nos pede de reavivarmos nossa fé e nossa confiança no Senhor que nos vê, nos ouve e nos conhece. Viver a nossa vida de fé em meio a tantas controvérsias e ataques recebidos a cada momento.  Rezemos insistentemente e com confiança.

    É nesse sentido que a primeira leitura (Ex 17, 8-13) vai nos mostrar um episódio do Antigo Testamento onde se apresenta a necessidade de permanecer firme e perseverante na oração. O episódio se dá dentro do contexto do ataque feito pelos Amalecitas a Israel:

    Naqueles dias: Os amalecitas vieram atacar Israel em Rafidim.

    Moisés disse a Josué: ‘Escolhe alguns homens e vai combater contra os amalecitas. Amanhã estarei, de pé, no alto da colina, com a vara de Deus na mão’. Josué fez o que Moisés lhe tinha mandado e combateu os amalecitas. Moisés, Aarão e Ur subiram ao topo da colina. E, enquanto Moisés conservava a mão levantada, Israel vencia; quando abaixava a mão, vencia Amalec. Ora, as mãos de Moisés tornaram-se pesadas. Pegando então uma pedra, colocaram-na debaixo dele para que se sentasse, e Aarão e Ur, um de cada lado sustentavam as mãos de Moisés. Assim, suas mãos não se fatigaram até ao pôr do sol, e Josué derrotou Amalec e sua gente a fio de espada”.

    Os amalecitas são citados diversas vezes no contexto do AT como inimigos de Israel. Os amalecitas, o ou povo de Amalec, neto de Esaú, traz no contexto Bíblico a representação daqueles que rejeitam as promessas, a presença e a proteção de Deus, já que no episódio de Esaú e Jacó, ao trocar seu direito à primogenitura por um prato de lentilha, Esaú rejeita a aliança e as promessas divinas. Ante o ataque em relação a Israel, Moisés ordena a Josué que junte um grupo de combatentes, enquanto ele vai subir ao monte para orar. Com essa atitude de ser sustentado, Moisés apresente com um gesto a necessidade de seguir perseverante na oração e não desanimar dela, pois a vitória na batalha vai depender mais do clamor de Moisés do que das habilidades de Josué. Que possamos estar juntos na oração nas tantas situações que se apresentam como desafiadoras em nossa vida de fé e na vivência do cotidiano, sabendo que o Senhor faz sempre por nós aquilo que é o melhor. Que não percamos nunca nossa fé e nossa confiança na oração.

    É exatamente isso que nos vai ser recordado na segunda leitura, carta de São Paulo a Timóteo (2Tm 3,14 – 4,2):

    Caríssimo: Permanece firme naquilo que aprendeste e aceitaste como verdade; tu sabes de quem o aprendeste. Desde a infância conheces as Sagradas Escrituras: elas têm o poder de te comunicar a sabedoria que conduz à salvação pela fé em Cristo Jesus. Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para ensinar, para argumentar, para corrigir e para educar na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e qualificado para toda boa obra. Diante de Deus e de Cristo Jesus, que há de vir a julgar os vivos e os mortos, e em virtude da sua manifestação gloriosa e do seu Reino, eu te peço com insistência: proclama a palavra, insiste oportuna ou importunamente, argumenta, repreende, aconselha, com toda paciência e doutrina”.

    Permanecer firmes! Escutar a Palavra! Anunciar a Palavra! Rezar sem cessar e perseverar na oração! Confiar no Senhor e permanecer firmes naquilo que nós aprendemos.

    Que o dia mundial das missões desperte mais uma vez em nós a certeza de que o protagonismo da missão é Deus. Somos meros instrumentos. Não nos esqueçamos da oração, pois não oramos para que Deus tome consciência do que necessitamos, como nos recordava Santo Tomás de Aquino, mas para que nós tenhamos consciência da necessidade que temos de Deus. Enquanto vivemos e caminhamos com o Senhor, temos uma notícia grande para darmos ao mundo.

    Que esse mês missionário extraordinário nos faça mais perseverantes na oração e na Missão.

    DEIXE UMA RESPOSTA

    Please enter your comment!
    Please enter your name here