Este alerta de Jesus nunca é demais refletido: “Estai preparados, porque a hora em que menos pensais o Filho do Homem chega” (Lc 12,40). A morte e a vinda gloriosa de Cristo na sua glória devem ser dois referenciais nunca esquecidos na vida do cristão. Este corre o risco de se deixar impregnar pelo impacto da secularização que leva a adotar os modelos de pensamento e de conduta do mundo; do horizontalismo que conduz a um compromisso social exclusivo como única dimensão da existência cristã; da incredulidade reinante nos meios de comunicação que vai abalando os alicerces da fé. Todo cuidado é pouco porque é no tempo atual que se decide o destino eterno de cada um. O alerta de Cristo foi claro: “Estejam cingidos os vossos rins e acesas as vossas lâmpadas”, ou seja, que haja uma vigilância atenta para que nos dois encontros com Ele o fiel esteja preparado, quer no momento de deixar este mundo, quer no juízo universal. Trata-se do cumprimento fiel de todos os deveres pautados pelos valores do Evangelho. No presente é que se constrói uma eternidade bem-aventurada. O cristão está sempre atento porque sabe que tem um grande futuro a sua frente. A vinda do Filho de Deus a esta terra se humilhando até a morte da Cruz para redimir a humanidade perdida, é uma prova peremptória da importância da salvação eterna que cada um deve procurar sem nenhum descuido. Cumpre a todo batizado se revestir de Cristo, pertencendo inteiramente a Ele, mesmo porque a graça santificante, semente da glória eterna, não pode ser perdida, e, se for perdida, deve logo ser recuperada, sob pena de incorrer na perdição perene. Porque possui Jesus dentro de seu coração o cristão, seja onde estiver, está iluminando os outros, pela sua conduta alertando-os a fim de estarem vigilantes na prática do bem nesta preparação terrena para os encontros com Deus além-mundo visível. É necessário ser sempre um cristão preparado para estes chamados inevitáveis e decisivos do Criador, o qual está à espera dos que lhe são leais para lhes dar uma recompensa perene. O Mestre divino veio a este mundo para ensinar os de boa vontade como caminhar nesta terra com o objetivo de alcançar o Reino Eterno. Não se trata de se estar alienado da realidade, pelo contrário, aquele que está vigilante em vista da realidade futura se torna um cumpridor exato de suas obrigações e constrói um mundo melhor em torno de si num serviço admirável ao próximo. O autêntico discípulo de Jesus está atento para viver de uma maneira mais intensa esta sua marcha neste mundo, como lembrou o Papa Francisco na sua Encíclica “Lumen Fidei” (n. 16). Em qualquer situação social, seja onde a Providência o colocou o cristão verdadeiro, continuamente antenado nas realidades vindouras, semeia paz, difundindo pelas boas obras felicidade e sabe que não tem um minuto a perder rumo ao que lhe espera na outra vida sendo, de fato, fiel a Deus. O bem-aventurado Papa Paulo VI inúmeras vezes insistiu que o batizado estivesse sempre com a lâmpada acesa precisamente para também iluminar os que estão a sua volta. Esta luz é a fé que se traduz em obras luminosas, lucífluas. Cumpre refletir seriamente nisto. Jesus virá para inaugurar “os céus novos e a terra nova”, para por o selo de Deus sobre toda a obra que cada cumpriu com amor na sua trajetória terrena. Ninguém sabe nem o dia nem a hora em que vai deixar este mundo, nem quando se dará a parusia, isto é, sua volta gloriosa no fim dos tempos. Jesus falou várias vezes sobre a preparação para estes dois eventos como nas parábolas relatadas por São Lucas. O leit motiv das mesmas é estar vigilante. Pouco importa o lugar que seu discípulo ocupe neste mundo O essencial é que quando Ele vier, Ele encontre seu seguidor cumprindo suas obrigações com eficiência e competência para glória de Deus e bem das almas. Uma prudência elementar aconselha a quem tem fé e juízo a assim proceder não perdendo jamais o gosto de bem viver e o sentido de um devotamento ininterrupto ao próximo, consagrando a ele e a Deus todo seu amor. Quem assim agir degustará em plenitude a promessa feita por Jesus: Ele o porá à frente de todos os seus bens.