50 anos de Concílio e CNBB

    A CNBB está em assembléia. E´ a sua 53ª, numa história de 63 anos. Se alguém perguntar por que os numeroso não coincidem, a razão está no fato de que, nos seus primeiros anos, a CNBB fazia suas assembléias de dois em dois anos. 
    Esta que está agora se realizando quer assinalar uma data muito significativa: os 50 anos da conclusão do Concílio Vaticano II. 
    Só para recordar os passos do Concílio que veio mexer com toda a Igreja em pleno século vinte, ele foi anunciado pelo Papa João 23, em 25 de janeiro de 1959, foi convocado oficialmente no Natal de 1961, foi inaugurado no dia 11  de outubro de 1962, e se desdobrou em quatro sessões anuais, tendo encerrado oficialmente seus trabalhos no dia 08 de dezembro de 1965.
    Estamos, portanto, no ano em que se comemoram os 50 anos da conclusão do maior evento da Igreja Católica nos últimos séculos, cujas conseqüências ainda não se esgotaram.
    De fato, o Concílio permanece como referência indispensável para situar hoje tudo o que acontece dentro da Igreja. E poderíamos alargar os horizontes, para perceber que o Concílio criou um novo marco também no relacionamento com as outras Igrejas cristãs, e também com a sociedade.
    Foi a partir do Concílio que a Igreja foi colocando em prática a grande intuição de João 23, de fazer  um “aggiornamento” – palavra que ele gostava de usar – isto é, uma renovação profunda da Igreja, para que ela pudesse se situar no mundo de hoje, com quem ela deseja dialogar e contribuir para a aproximação entre nações e as culturas do nosso tempo.
    A CNBB dedicou, na verdade, suas quatro últimas assembléias para lembrar o Concílio, assumindo o ritmo que o próprio Concílio imprimiu, com suas sessões anuais.
    Com a eleição do Papa Francisco, os ideais e as propostas do concílio retomaram novo impulso, de maneira surpreendente.  Pois não só ele se inspira em seus documentos, mas encontra maneiras de mostrar como a Igreja pode integrar em sua vida prática as grandes intuições do Concílio.
    Agora, contando com o referencial teórico do Concílio já consolidado, depois de 50 anos de sua implementação, e contando com os insistentes apelos do Papa Francisco, que deseja uma Igreja aberta, que saia às ruas, e vá ao encontro das pessoas, a CNBB tem uma indicação muito clara para ser traduzida em “diretrizes pastorais”, como ela pretende oficialmente fazer nesta assembléia.
    Portanto, finalmente, daria para dizer que a Igreja Católica está em estado de “pós concílio”.  Mesmo constatando que muitas das intuições comportam ainda outras iniciativas de renovação, que não encontraram ainda ambiente favorável para serem atuadas.
    Perguntado um dia sobre quais seriam os desafios pós conciliares da Igreja, o Cardeal Martini resumiu as urgências em três grandes pontos. A Igreja deveria retomar o amplo processo de “inculturação” do Evangelho, que ela soube muito bem fazer nos primeiros séculos no império romano. Em segundo lugar, deveria emprender, de vez, uma aproximação com as outras denominações cristãs, para acabar de vez com a desunião entre os cristãos. E internamente, a Igreja deveria empreender uma ampla renovação dos seus ministérios, desde o ministério do papa até os ministérios leigos.
    Nas três direções apontadas, a Igreja ainda o que fazer!  Em todo o caso, continuando sua prática dos gestos simbólicos, para dizer que agora nós partimos do Concílio, ele convocou um “ano santo extraordinário da misericórdia”, a iniciar no próximo dia 08 de dezembro. Se alguém perguntar pela data, devemos logo apontar para o Concílio. Ele se encerrou no dia 08 de dezembro de 1965. Ele continua inspirando as grandes iniciativas da Igreja. Também o seu novo “ano da misericórdia”. Tudo em decorrência do Concílio!