3º Domingo da Páscoa – Ano C

    A liturgia do 3º Domingo da Páscoa nos encontra em um momento singular na vida da Igreja. Ainda ressoam em nossos corações as palavras, os gestos e a memória do Papa Francisco, cujo testemunho de vida permanecerá como uma luz suave no caminho da fé. Damos graças por sua dedicação, por seu amor aos pobres, pela busca incansável da paz e pela coragem de sonhar com uma Igreja sinodal e missionária. Hoje, porém, nossos olhos se voltam com esperança para o futuro: estamos às vésperas do conclave, e toda a Igreja se une em oração pedindo ao Espírito Santo que conduza os corações dos cardeais à escolha daquele que guiará o povo de Deus com sabedoria, mansidão e firmeza no seguimento de Cristo.

    Na primeira leitura (At 5,27b-32.40b-41), vemos os apóstolos sendo perseguidos por anunciar a ressurreição de Jesus. Pedro proclama: “É preciso obedecer a Deus antes que aos homens” (At 5,29). Esse espírito de obediência à vontade divina é o mesmo que invocamos sobre o Colégio Cardinalício. Que os eleitores estejam livres de interesses humanos, guiados apenas pela fidelidade à missão da Igreja. Francisco também viveu assim: com coragem profética e simplicidade evangélica, foi obediente ao chamado de Cristo, mesmo em meio às incompreensões.

    A segunda leitura (Ap 5,11-14) nos transporta ao louvor celestial, onde milhões de vozes aclamam o Cordeiro: “Ao que está sentado no trono e ao Cordeiro, o louvor e a honra, a glória e o poder pelos séculos dos séculos” (Ap 5,13). Esse louvor é o horizonte da nossa esperança. A Igreja é chamada a refletir desde já essa liturgia eterna, sendo sinal da glória de Deus no mundo. Que o novo Papa a ser escolhido ajude-nos a viver com autenticidade esse louvor, fazendo da Igreja uma casa de oração, de acolhimento, de profecia e de fraternidade.

    O Evangelho (Jo 21,1-19) é profundamente simbólico. Jesus se revela aos discípulos à beira do mar e renova a missão de Pedro. Ele não apenas confirma o amor do apóstolo, mas lhe confia a missão: “Apascenta as minhas ovelhas” (Jo 21,17). Este é o chamado que ressoará nos corações dos cardeais reunidos no conclave: discernir, à luz do Espírito, aquele a quem o Senhor dirá novamente: “Apascenta o meu rebanho.” É uma missão exigente, que pede mais do que habilidades humanas — pede coração conformado ao de Cristo, amor pela Igreja, prontidão para o serviço. Francisco respondeu com humildade e entrega. Que aquele que vier seja igualmente um homem de Deus, apaixonado por Cristo e pelo povo santo.

    A Igreja vive um tempo de silêncio orante e expectativa confiante. Unidos a Maria, Mãe da Igreja, elevamos nossa súplica: que o novo Sucessor de Pedro seja um sinal da continuidade da obra de Cristo, renovando na esperança o rosto da Igreja. Que ele guie com ternura, escute com sabedoria, corrija com mansidão e conduza o mundo à luz do Evangelho.

    Rezemos intensamente nestes dias que antecedem o conclave. Que o Espírito Santo, Senhor da Igreja, manifeste sua vontade, e que a nossa oração prepare o coração do novo pastor.

    Amém.

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