Nos seus 31 anos será a primeira vez em que o tradicional Curso dos Bispos, promovido pela Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, entre os dias 26 a 28 de janeiro de 2021, terá o formato virtual e tem como tema principal a Catequese. Devido ao momento atual da pandemia esta foi a nossa opção para que déssemos continuidade a esse momento anual tão importante. Esperamos voltar ao nosso agradável convívio no próximo ano se tudo correr como desejamos.
Sempre lembramos a solicitude do Bispo de Roma e da Igreja que peregrina no Brasil sobre a importância da catequese, que é a educação da fé das crianças, dos jovens e dos adultos, de maneira orgânica e sistemática, para levar à vida cristã. É o primeiro anúncio do Evangelho para suscitar a fé. Nela ensina-se as verdades básicas contidas no Credo, os Sacramentos, a moral cristã baseada nos Dez Mandamentos e a espiritualidade nas orações. O Catecismo é o texto básico para os catequistas. Mas, desde junho de 2020 temos o novo Diretório para a Catequese, que será apresentado pelo Presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização. O Diretório deixa claro que o coração da catequese é o anúncio da pessoa de Jesus Cristo. Nesta perspectiva, é indicada uma nota fundamental de que a catequese deve apropriar-se: a misericórdia. O querigma é anúncio da misericórdia do Pai que vai ao encontro do pecador. O Diretório assume a centralidade do querigma que se exprime em sentido trinitário como compromisso de toda a Igreja. A catequese, tal como é expressa pelo Diretório, caracteriza-se por esta dimensão e pelas implicações que confere à vida das pessoas. O Diretório desdobra-se tocando várias temáticas: a mistagogia, a ligação entre evangelização e catecumenato e a ajuda na inserção progressiva no mistério da fé.
Sendo um curso em plataforma digital cremos que neste ano a abrangência do referido poderá superar, em número de participantes, as edições anteriores. No dia 26 de janeiro, terça-feira, depois da abertura ouviremos a primeira Conferência do Arcebispo, SER Dom Rino Fisichella, que fará uma apresentação geral do Diretório para a Catequese I, seguido de um testemunho por vídeo conferência e uma segunda apresentação geral pelo mesmo Presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização; seguido também de um segundo vídeo de testemunho.
No dia 27 de janeiro, quarta-feira, a terceira Conferência, será proferida pelo Monsenhor Flavio Placida, professor de catequética na Pontifícia Universidade Urbaniana, Roma, versando sobre o tema: Palavra de Deus e catequese – uma relação natural. Segue-se um diálogo com o ilustre conferencista; seguido de um vídeo de testemunho. A 4ª Conferência do mesmo conferencista será: A linguagem na catequese entre narração e beleza; seguido do quarto vídeo de testemunho.
No dia 28 de janeiro, quinta-feira, a quinta Conferência, será proferida, também, pelo Monsenhor Flavio Placida, terá como tema: Catequese e compromisso ecológico, seguido de diálogo com o conferencista e o quinto vídeo de testemunho. A sexta-conferência será proferia por SER Dom José Antônio Peruzzo, Arcebispo Metropolitano de Curitiba, Paraná, e terá como tema: Questões e perspectivas da catequese no Brasil. Em seguida teremos o diálogo com o referido que é o Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-Catequética da CNBB e o Encerramento.
Os primeiros catequistas devem ser sempre os pais: Eles são “os primeiros catequistas dos filhos”. Portanto, hoje infelizmente, muitas crianças são criadas sem um dos pais ou com pais que também não conhecem a “sã doutrina da fé” (Tt 1,9; 2,1; 1Tm 4,6; 6,20), que leva à salvação. O nosso Catecismo afirma que “a salvação está na verdade” (n. 851) e São Paulo revela que “a Igreja é a coluna e o fundamento da verdade” (1Tm 3,15).
Ser Catequista é uma vocação e não um trabalho, porque envolve a vida; o catequista leva ao encontro com Jesus, com palavras, vida e testemunho. O Catequista coloca-se a serviço da Palavra de Deus, que é um primeiro anúncio, sobretudo no atual contexto de indiferença. O primeiro anúncio refere-se a Jesus Cristo, que morreu e ressuscitou e que perdoa todos os que abrem seus corações e se converterem! O Catequista não é um professor que leciona. A catequese não é uma lição, mas é a expressão da própria experiência e o testemunho de fé em Cristo. Não se deve impor a verdade da fé, mas comunicá-la com carinho, paciência e amizade. Só assim a catequese se torna promoção da vida cristã, apoio na formação global dos fiéis e incentivo para ser discípulos missionários. O mistério da Igreja encontra a sua máxima expressão na Liturgia. A vida sacramental tem seu ápice na Eucaristia!
O Papa Francisco elencou que o catequista deve levar crianças, jovens e adultos ao encontro de Jesus. Seja por meio das palavras ou dos exemplos de sua própria vida, seguindo três pilares: primeiro – Ter familiaridade com Cristo, aprender com Ele, escutá-lo e permanecer em seu amor, como Ele mesmo ensinou aos discípulos: “permaneçam no meu amor, permaneçam ligados a mim, como o ramo está ligado à videira. Se somos unidos a Ele, podemos dar frutos”. O coração do catequista deve viver essa união com Ele. Segundo – Viver o dinamismo do amor, a exemplo de Cristo, no sair de si para ir ao encontro do outro. O dom do catequista o impulsiona sempre para fora de si mesmo, doando-se aos outros. Terceiro – Não ter medo de sair, de ir até as periferias, de ir a quem precisa, sair do comum para seguir a Deus, porque Deus vai sempre além.
Ao apresentar o Novo Diretório para a Catequese, em 25 de junho de 2020, o Arcebispo Rino Fisichella disse que: “Estes textos desempenharam um papel primordial. Constituíram uma ajuda importante para levar o caminho catequético a dar um passo decisivo, sobretudo através da renovação da metodologia e da instância pedagógica. O processo de inculturação, que caracteriza de modo particular a catequese e que, sobretudo nos nossos dias, obriga a ter uma atenção bastante particular exigiu a composição de um novo Diretório”, esclareceu Dom Rino. A cultura digital é um grande desafio para a Igreja, explicou Dom Fisichella. Além de uma mudança instrumental, o bispo destaca que esta cultura manifesta uma transformação radical dos comportamentos que incidem, sobretudo, na formação da identidade pessoal e nas relações interpessoais. A velocidade na mudança da linguagem, e, também das relações comportamentais, toca inevitavelmente também a Igreja no complexo mundo da educação. A necessidade de um novo diretório parte desta premissa. “Na época digital, vinte anos são comparáveis, sem exagero, a pelo menos meio século. Daqui resultou a exigência de redigir um Diretório que tivesse em conta, com grande realismo, a novidade que se apresenta, na tentativa de propor uma leitura dessa mesma novidade que envolvesse a catequese. É por este motivo que o Diretório apresenta não apenas as problemáticas inerentes à cultura digital, mas sugere também os percursos a realizar para que a catequese se torne uma proposta que encontra o interlocutor que seja capaz de a compreender e de ver como se adéqua ao seu mundo”.
A catequese deve estar intimamente unida à obra de evangelização e não pode prescindir dela, sendo certo de que o novo Diretório se qualifica por sustentar uma “catequese querigmática. De uma leitura atenta do Diretório para a Catequese notamos que a catequese leva progressivamente a acolher e viver globalmente o mistério na existência cotidiana. O Diretório da Catequese assume esta visão, quando pede que se exprima uma catequese que saiba encarregar-se de manter unido o mistério, embora o articulando nas diversas fases de expressão. O mistério, quando é captado na sua realidade profunda, exige o silêncio. Uma verdadeira catequese nunca terá a tentação de dizer tudo sobre o mistério de Deus. Pelo contrário, deverá introduzir à vida da contemplação do mistério, fazendo do silêncio a sua conquista. O novo Diretório apresenta a catequese querigmática não como uma teoria abstrata, mas como um instrumento com forte valor existencial.
O Diretório para a Catequese constituiu-se uma verdadeira ajuda e apoio à renovação da catequese no único processo de evangelização que a Igreja não cansou de incitar há dois mil anos, para que o mundo possa encontrar Jesus de Nazaré, o Filho de Deus feito homem para nossa salvação. Essa será a nossa intenção nestes três intensos dias de um Curso dos Bispos diferente, mas não menos fraterno e profundo, como todos os anteriores. Peçamos a proteção de São Sebastião e de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, Padroeira do Brasil, para todos os participantes do 31º Encontro dos Bispos. Que a catequese nos leve, em cada Igreja Particular, como guias da catequese e pastores do Povo de Deus, ao verdadeiro encontro com o Cristo Ressuscitado!