“Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir” (Lc 4,21)
Celebramos neste domingo o terceiro do tempo comum e estamos finalizando o mês de janeiro, um mês especial para a nossa Arquidiocese onde celebramos a festa do nosso padroeiro, o glorioso Mártir São Sebastião. Neste Domingo, agradecemos a Deus por estarmos finalizando o primeiro mês do ano e peçamos ao Senhor que de fato seja um ano de graça.
Este ano também é especial porque a Igreja vive o Ano Jubilar da Esperança, que seja de fato um ano de renovação para toda a Igreja. Que todos os fiéis possam confiar na misericórdia do Senhor. Participemos ativamente das celebrações desse Ano Santo e visitar as Igrejas determinadas como lugares de peregrinações para obter as indulgências jubilares. Façamos um esforço para participarmos das missas todos os domingos ao longo desse ano, em família, pois família que reza unida permanece unida.
Neste Domingo a igreja celebra o Domingo da Palavra de Deus, instituído pelo Papa Francisco em setembro de 2019 e sempre celebrado no terceiro domingo do Tempo Comum. No Brasil temos também o Dia da Bíblia no último domingo de 30 de setembro que é o mês todo é dedicado à Palavra de Deus. Para o mundo todo o Papa quis colocar no terceiro domingo do Tempo Comum o dia dedicado à Palavra de Deus para incentivar todos os fiéis a terem como livro principal ao longo do ano a Palavra de Deus. Em nossa catedral teremos hoje a peregrinação jubilar dos catequistas e do mundo da comunicação na missa principal.
Aproveitemos que ainda estamos no início do ano litúrgico e no início do ano civil e optemos por direcionar a nossa vida no caminho da santidade, meditando a Palavra de Deus dia a dia e colocando em prática aquilo que ela nos diz. Confiemo-nos à misericórdia do Senhor, realizando a nossa confissão sacramental, se ainda não o fizemos para de fato termos um ano santo.
A primeira leitura da missa deste domingo é do livro de Neemias (Ne 8,2-4a.5-6.8-10), esse trecho do livro de Neemias retrata aquilo que realizamos hoje em nossa liturgia. Há muitos anos, ainda antes de Cristo, os judeus celebravam uma liturgia semelhante à nossa, e a atenção que os judeus davam a Palavra de Deus. A Igreja Católica usa muito daquilo que os judeus celebravam, tanto na liturgia, como por exemplo algumas festas: Páscoa e Pentecostes, mas é claro, dando um novo sentido a ambas.
Essa leitura veio a calhar com a motivação da celebração de hoje que é o Domingo da Palavra de Deus. Durante a celebração da missa nós participamos de duas grandes mesas: a da Palavra e a da Eucaristia. Primeiro comungamos da Palavra e depois comungamos do Corpo e Sangue de Cristo, por isso, temos que prestar atenção na leitura proclamada, guardá-la no coração, para que depois possamos comungar do corpo e sangue de Cristo.
Se lembrarmos bem dos discípulos de Emaús, os olhos deles se abrem e eles reconhecem Cristo ressuscitado após Ele ter lhes explicado as Escrituras, e Jesus parte o pão diante deles. Portanto, quando formos participar da Santa Missa prestemos atenção nas leituras proclamadas e na homilia do sacerdote, pois são parte integral da Santa Missa. Por isso, temos que participar da missa toda, chegando no início da celebração, e se chegarmos após a homilia do padre não devemos comungar, pois perdemos o essencial da celebração.
O salmo responsorial é o 18(19), que diz em seu refrão: “Ó Senhor, vossas palavras, são espírito, são vida”, a Palavra de Deus é eficaz e ao meditá-la diariamente nós nos comprometemos em segui-la fielmente. Ela nos dá sabedoria e nos direciona a decisão certa a tomar. Temos que ter a Palavra de Deus como “livro de cabeceira” e todos os dias ao acordar meditar um trecho.
A segunda leitura é da primeira Carta de São Paulo aos Coríntios (1Cor 12,12-30 | +longo), ao longo dessa leitura Paulo nos diz que todos nós a partir do batismo fazer parte do mesmo corpo que é a Igreja, esse corpo tem cabeça Cristo e cada batizado é um membro, e os membros devem estar intimamente ligados a cabeça. E cada membro deve ajudar um ao outro. Devemos nutrir em cada um de nós os mesmos sentimentos de Cristo, bondade, mansidão, amor, perdão e misericórdia. A partir do batismo nos tornamos discípulos e missionários do Senhor.
O Evangelho deste domingo é de Lucas (Lc 1,1-4;4,14-21), nesse trecho acompanhamos o início de seu Evangelho, Lucas além de ser autor do Evangelho é também autor do livro de Atos dos Apóstolos. Ele dirige as primeiras palavras ao amigo Teófilo, Lucas o menciona tanto no Evangelho como em Atos dos Apóstolos.
Jesus volta para a Galileia, cheio do Espírito Santo e sua fama espalhava-se por toda a região. Jesus falava com propriedade, seus ensinamentos eram cheios de conhecimento e todos tinham os olhos fixos nele. Voltou à sua terra natal, Nazaré, e conforme costume entrou na sinagoga num dia de sábado e levantou-se para fazer a leitura. Deram-lhe o livro do profeta Isaías na passagem que diz: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção para anunciar a Boa-nova aos pobres; enviou-me para proclamar a libertação aos cativos e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos e para proclamar um ano da graça do Senhor”. (Lc 4, 18-19).
Muitas coisas que o profeta Isaías disse há cerca de quatrocentos anos antes de Cristo se cumprem em Jesus, Isaías era um profeta visionário, ou seja, tinha visão de futuro, e tinha missão de criar um ânimo para os habitantes de Israel. Essa passagem que Jesus acabou de ler, o profeta Isaías já havia dito tempos atrás, ou seja, era missão do profeta naquele tempo e agora era a missão de Jesus.
O que Jesus acaba de ler podemos dizer que é seu programa de vida, foi para isso que Ele veio, e com a força do Espírito Santo Ele poderia realizar todas essas coisas e instaurar aqui na terra o Reino de Deus. Jesus ainda conclui dizendo que naquele momento se cumpriu aquela passagem da escritura.
Esse programa de vida de Jesus deve ser também o de cada um de nós batizados, ou seja, somos chamados a edificar o Reino de Deus aqui na terra, vive-lo de maneira plena para depois na eternidade habitar nesse reino. Vivamos o nosso batismo na certeza de que somos discípulos e missionários do Senhor. Amém.