3° Domingo da Páscoa Eu vos exalto, ó Senhor, pois me livrastes. (Sl 29/30)

    Celebramos neste domingo o terceiro deste tempo da Páscoa, no qual, por cinquenta dias, viveremos as alegrias da Ressurreição. Ao longo desses domingos, até Pentecostes, acompanharemos Jesus ressuscitado aparecendo aos apóstolos e lhes dando a missão de continuar tudo aquilo que Ele ensinou. O Ressuscitado sempre traz consigo a alegria e deseja essa alegria à comunidade. Ele também deseja a paz à comunidade, e quem a recebe deve estar em paz com Deus, consigo mesmo e com os demais irmãos.

    Do mesmo modo que Jesus envia os apóstolos em missão e lhes pede para dar continuidade a tudo aquilo que Ele ensinou, Ele nos envia, nos dias de hoje, para anunciarmos o Evangelho a todos os que precisam. O Tempo Pascal é um período em que a alegria deve nos envolver, e não a tristeza, pois a alegria deve ser característica do cristão. Não devemos ter medo ou vergonha de anunciar o Evangelho, pois o medo nos aprisiona e não nos deixa sair do lugar. Devemos pedir que o Espírito Santo nos impulsione e nos ajude na missão, fazendo-nos superar o medo e a vergonha.

    Conforme Jesus fez na última ceia, hoje Ele aparece aos discípulos e faz refeição com eles. Eles demoram para reconhecer Jesus, mas, principalmente, Pedro o reconhece no partir do pão. E Jesus pergunta a Pedro se Ele o ama e pede que apascente o seu rebanho. Em toda missa participamos da Ceia de Jesus, rememoramos aquilo que aconteceu na Última Ceia. Que estejamos preparados para comungar do pão que o Senhor nos dá e possamos estar dispostos a amar o Senhor mais que tudo e partir em missão.

    Conforme vai passando o Tempo Pascal, além de acompanharmos o início da Igreja primitiva, veremos Jesus ressuscitado aparecendo na comunidade dos discípulos, desejando-lhes paz e alegria, e ensinando que é necessário que Ele volte para o Pai, mas continuará no meio deles por meio do Espírito Santo. Nos dias de hoje, Jesus continua no meio de nós por meio do Espírito Santo, e através da Palavra e da Eucaristia somos convidados a trilhar o caminho do amor.

    A primeira leitura deste domingo é do livro dos Atos dos Apóstolos (At 5,27b-32.40b-41). Esse trecho relata quando os apóstolos foram levados pelos soldados ao Sinédrio. Sem motivo algum para condená-los, da mesma forma que foi com Jesus, o sumo sacerdote começa a interrogá-los, dizendo que havia proibido que anunciassem o nome de Jesus. Pedro, que recebeu o mandato de Jesus de ser líder da Igreja, diz ao sumo sacerdote: “É preciso obedecer a Deus antes que aos homens” (At 5,29).

    E Pedro ainda disse: “O Deus de nossos pais ressuscitou a Jesus, que vós matastes, pregando-o numa cruz”. Pedro afirma que eles e o Espírito Santo são testemunhas de sua ressurreição, e que é por esse mesmo Espírito que Jesus soprou sobre eles que fazem o que estavam fazendo. Então mandaram açoitar os apóstolos e proibiram-nos de falar em nome de Jesus. Para surpresa do sumo sacerdote, os apóstolos ficaram felizes por terem sido açoitados por anunciarem Jesus.

    A partir dessa leitura podemos refletir quantas vezes a Igreja de Cristo é perseguida, mas permanece firme, de pé, diante das dificuldades, por causa do Espírito Santo. E ainda: após cada momento de turbulência, a Igreja sai mais forte.

    O salmo responsorial é o 29 (30) e diz em seu refrão: “Eu vos exalto, ó Senhor, pois me livrastes”. O Senhor nos livra de todos os males e nos resgata até dos grilhões da morte. Devemos confiar sempre no Senhor, pois, até nos momentos mais difíceis, Ele está ao nosso lado. Durante este tempo pascal, confiemos ao Senhor as nossas dificuldades, para que Ele as transforme em alegria.

    A segunda leitura é do livro do Apocalipse de São João (Ap 5,11-14). João, ao se referir ao Cordeiro, está falando do próprio Jesus. Ele é o Cordeiro imolado e digno de receber toda a glória. Não é mais necessário imolar um cordeiro para o sacrifício, pois Jesus é o próprio Cordeiro, aquele que tira o pecado do mundo. Todos os que estão no céu, na terra ou debaixo da terra devem glorificar esse Cordeiro. O Cordeiro vive para sempre e intercede por nós; ao seu nome todo joelho se dobre.

    O Evangelho de hoje é de João (Jo 21,1-19). Essa passagem é conhecida como a Pesca Milagrosa. Jesus aparece novamente aos discípulos à beira do mar de Tiberíades. Os discípulos que estavam presentes nesse momento eram: Pedro, Tomé, Natanael, os filhos de Zebedeu e outros dois discípulos. Eles haviam pescado a noite inteira e nada tinham conseguido. Já havia amanhecido, e Jesus aparece de pé na margem, mas os discípulos não o reconheceram, pois ainda não haviam compreendido claramente a Ressurreição.

    Jesus pergunta aos discípulos se têm algo para comer e eles respondem que não. Jesus então diz para lançarem as redes à direita da barca, que encontrariam. Eles haviam pescado a noite inteira e nada acharam, mas, em atenção à palavra de Jesus, lançaram as redes para a pesca. Ao lançá-las, não conseguiram puxá-las para fora, por causa da grande quantidade de peixes que haviam apanhado.

    O discípulo que Jesus amava reconhece na hora que se tratava de Jesus e diz a Pedro: “É o Senhor”. Pedro, ao saber que era Jesus, vestiu sua roupa, pois estava nu, e atirou-se ao mar. Os outros discípulos vieram arrastando a barca até a margem. Ao chegarem, viram um braseiro com peixe em cima e pão, e Jesus lhes diz para trazerem alguns dos peixes que haviam apanhado. Simão Pedro puxou a rede, que estava cheia com 153 peixes, e, apesar de tantos peixes, a rede não se rompeu. O número 153 é significativo e pode simbolizar o número de nações conhecidas na época.

    Jesus os convida a comer com Ele. Nenhum dos discípulos se atrevia a perguntar quem era Ele, pois sabiam que era Jesus. Jesus parte o pão com eles e faz o mesmo com o peixe.

    Ao fazer a refeição com os discípulos, Jesus relembra aquilo que Ele fez na Última Ceia e o que sempre fez em sua vida pública: transmitia seus ensinamentos durante as refeições. Essa foi a terceira vez que Jesus ressuscitado apareceu aos discípulos.

    Depois, Jesus pergunta três vezes a Pedro se ele o amava e pede que apascente suas ovelhas. Pedro fica triste por Jesus lhe perguntar três vezes, mas devemos recordar que anteriormente Pedro havia negado Jesus por três vezes. A partir daquele momento, Pedro já não faria mais o que quisesse, mas sim o que o Senhor ordenasse que ele fizesse, e deveria anunciar o Evangelho até a sua morte. Jesus ainda acrescenta: “Segue-me”.

    Procuremos em nossa vida não fazer a nossa vontade, mas a vontade de Deus. Amemos a Deus de todo o coração e coloquemo-Lo sempre como prioridade em nossa vida. Que possamos sair e anunciar a Palavra de Deus onde estivermos, sendo pescadores de homens e multiplicando os membros da Igreja de Cristo. Que todas as nações se convertam ao único Deus e tenham a paz verdadeira em suas vidas. Continuemos vivendo as alegrias da Páscoa, aguardando ansiosamente a vinda do Espírito Santo. Amém.

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