Vigilância!

    A Palavra de Deus que a liturgia do 19º. Domingo do Tempo Comum nos propõe e convida-nos à vigilância: o verdadeiro discípulo não vive de braços cruzados, numa existência de comodismo e resignação, mas está sempre atento e disponível para acolher o Senhor, para escutar os seus apelos e para construir o “Reino”.

    As leituras de hoje nos chamam a atenção para sermos desprendidos dos bens materiais(Cf. Lc 12,33), para procurarmos viver confiantes em Deus segundo o testemunho de fé de Abraão e Sara(Cf. Hb 11,8-18) e, conscientes da brevidade de nossa vida terrena(Cf. Sb 18,6), estamos vigilantes(Cf. Lc 12,35) sabendo que a qualquer momento podemos deixar este mundo(Cf. Lc 12,40). Diante dessas realidades de nossa vida resta-nos levar mais a sério nosso compromisso com Deus. A insistência no tema do desprendimento e da vigilância é porque nem sempre nos lembramos de que nossa vida neste mundo é passageira e que dos bens materiais nada levamos. Tudo passa. Só Cristo permanece. O mais importante é termos consciência de que somos de origem divina, pois trazemos em nós a semelhança com Deus, que é eterno. Apesar Dessa verdade, nossa tendência é procurar realização e plenitude nas coisas passageiras, bens ilusórios, que aparentemente nos realizam, mas que no fundo não preenchem nossa sede do eterno. As coisas nos são necessárias para vivermos, mas não são a fonte da vida nem nelas está o segredo para sermos pessoas verdadeiramente felizes. Os bens materiais nos trazem momentos felizes e de realização, mas não nos trazem a alegria e a felicidade permanente e eterna. Uma pessoa pode ter tudo e se sentir frustada, sentir um vazio existencial e não saber a razão de tal sentimento. É o vazio que deve ser preenchido pela presença de Deus, nada de material preenche o lugar de Deus no coração do homem e da mulher. Não é o que temos que nos faz verdadeiramente felizes, mas o que somos; por isso, não podemos nos esquecer de que só seremos realizados, se desenvolvermos integralmente o nosso ser: material, humano e espiritual.

    A primeira leitura(Cf. Sb 18,6-9) apresenta-nos as palavras de um “sábio” anônimo, para quem só a atenção aos valores de Deus gera vida e felicidade. A comunidade israelita – confrontada com um mundo pagão e imoral, que questiona os valores sobre os quais se constrói a comunidade do Povo de Deus – deve, portanto, ser uma comunidade “vigilante”, que consegue discernir entre os valores efêmeros e os valores duradouros.

    A segunda leitura(Cf. Hb 11,1-2.8-19) apresenta Abraão e Sara, modelos de fé para os batizados de todas as épocas. Atentos aos apelos de Deus, empenhados em responder aos seus desafios, conseguiram descobrir os bens futuros nas limitações e na caducidade da vida presente. É essa atitude que o autor da Carta aos Hebreus recomenda aos crentes, em geral.

    O Evangelho(Cf. Lc 12,32-48) apresenta uma catequese sobre a vigilância. Propõe aos discípulos de todas as épocas uma atitude de espera serena e atenta do Senhor, que vem ao nosso encontro para nos libertar e para nos inserir numa dinâmica de comunhão com Deus. O verdadeiro discípulo é aquele que está sempre preparado para acolher os dons de Deus, para responder aos seus apelos e para se empenhar na construção do “Reino”.

    Seria muito triste eu não zelar, não administrar bem o que o Senhor me confiou, os talentos: a quem muito foi dado, muito será colhido, a quem muito foi confiado, dele muito será exigido. É verdade! É desafiador! É exigente! É urgente! Deus me confiou muitas coisas, Deus me deu muitos dons, Deus me confiou uma obra, Deus me confiou muito. Então, eu tenho que ser fiel àquilo que Deus me confiou, eu tenho que administrar bem aquilo que Deus me confiou, mesmo sabendo de minhas fraquezas e pecados, Deus me confiou.

    Neste domingo em que rezamos pelos nossos pais vivos, dando-lhes a ele nosso respeito e a nossa devoção, pedindo a sua bênção. E, também, rezando pelos nossos pais que estão na comunhão dos santos. Deus te confiou uma família, Deus te confiou um trabalho, Deus te confiou tantas coisas. Deus te confiou uma comunidade, Deus te confiou filhos, Deus te confiou pais, Deus te confiou o que está à tua volta para que você cuidasse com toda fidelidade e pudesse estar vigilante: hoje o Senhor vai vir! Os primeiros cristãos viviam sempre na iminência da segunda vinda de Cristo. Assim como eles, também nós estejamos vigilantes porque Jesus vai voltar. Ele pode voltar hoje pela manhã, pela tarde, ou durante a noite. Vivamos então, meu amigo e minha amiga, preparados, para que o Senhor possa assim nos encontrar.

    Ao rezar por nossos pais recitemos: Pai, leva-me a tomar consciência de que muito será exigido de mim, pois muito me foi dado. Que minha vida seja compatível com minha condição de discípulo do teu Reino.

    Nesse domingo iremos celebrar, no Brasil, o dia dos pais. Que nossos pais possam educar seus filhos na fé e transmitam a fé para as suas famílias e em seus trabalhos. Nosso abraço e a bênção de Deus para todos os pais. Que Deus nos conceda a graça de uma fé inquebrantável, de desprendimento e de equilíbrio.

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