Serra Leoa: a luta por “esmeraldas” da vida real

A Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN) realizou sua primeira visita oficial a Serra Leoa com o objetivo de direcionar os projetos de ajuda no país. É difícil esquecer a história sangrenta desta terra, quando meramente ao sair pelas ruas se depara com histórias de pessoas mutiladas que contam: “braços longos ou curtos?”, perguntavam os rebeldes antes de decepá-los; ou ver crianças vagando sozinhas pelas cidades, a maioria delas filhas de meninas que foram drogadas antes de serem estupradas.

Com o fim da guerra civil, em 2002, e o resultado que se obteve foi um país devastado pela pobreza, com desemprego generalizado e uma péssima administração pública, que propiciou uma grande rede de corrupção. Como se não bastasse, Serra Leoa ainda teve de lidar com uma epidemia do vírus Ebola, com as enchentes que ocorrem de tempos em tempos e com a criminosa luta de poder pela extração de diamantes.

Há apenas algumas semanas, o prefeito de uma aldeia na região de Kono, no nordeste do país e conhecida pela extração de diamantes, informou para as mais de 300 famílias residentes na área que elas teriam de deixar suas casas, pois estas seriam demolidas para abrir caminho para a escavação dos minerais preciosos. Quando a ACN chegou lá, encontrou “uma área onde nada podia ser visto além de montanhas de terra cinza remexidas pela busca obsessiva dos diamantes”, relatou o chefe da ACN responsável pelos projetos em Serra Leoa, Kinga von Poschinger.

A maioria da população, cerca de 70%, são muçulmanos, enquanto cerca de 25% são cristãos, divididos entre católicos, protestantes e comunidades pentecostais. “Os muçulmanos e os cristãos vivem amigavelmente lado a lado e desfrutam de boas relações um com o outro. Este respeito é tal que é bastante normal encontrar membros de diferentes religiões dentro da mesma família, seja entre os pais ou entre as crianças”, observa Kinga von Poschinger. Até hoje, a maioria das escolas são católicas e muitos cristãos e muçulmanos foram juntos à escola e todos aprenderam a orar ao Pai e foram instruídos nos valores do Evangelho. Algo que ao longo dos anos deu origem a muitas conversões e, em alguns casos, a novas vocações.

Esta é a razão pela qual a ACN planeja dedicar seus próximos projetos de ajuda na Serra Leoa à tarefa de renovar algumas das estruturas pastorais, como o Centro Pastoral João Paulo II, na arquidiocese de Freetown, a formação de sacerdotes, e incentivar encontros entre as várias dioceses do país para desenvolverem soluções em relação aos desafios que enfrentam. Devido à situação de emergência, atualmente, a ACN concentra-se em projetos voltados à reconstrução do país e à provisão de veículos motorizados, para permitir que padres e religiosos possam alcançar as paróquias mais distantes e remotas.

Sobre a ACN (Ajuda à Igreja que Sofre)
A ACN surgiu em 1947, após a Segunda Guerra Mundial, quando o padre holandês, Werenfried van Straaten, sofrendo ao ver a miséria em que viviam os alemães derrotados e expulsos, começou na Bélgica a pedir ajuda para os inimigos de então. Apesar de uma Europa dizimada pela guerra, o apelo à solidariedade do Pe. Werenfried ecoou e milhares de pessoas passaram a ajudá-lo com o que tinham, e com muita alegria e satisfação. Nascia naquele momento a obra: a Kirche in Not, numa livre tradução para o Inglês, Aid to the Church in Need (ACN), daí para o português, Ajuda à Igreja que Sofre (ACN-Brasil).  À medida que o auxílio aumentava, a ACN se tornava conhecida e os Papas pediam que a obra se expandisse, não apenas para aqueles que passavam necessidades por conta da guerra, mas para todos os que sofriam por viver a sua fé. Assim a ACN se tornou uma Fundação Pontifícia com sede no Vaticano, e atualmente atende indiretamente mais de 60 milhões de pessoas por meio dos mais de 5 mil projetos apoiados anualmente pela entidade, em cerca de 140 países, incluindo o Brasil. Os projetos auxiliados pela ACN englobam a produção e distribuição de material catequético, construção e reconstrução de Igrejas; locomoção e transporte para religiosos e missionários; recuperação de jovens dependentes químicos; construção de escolas e casas; alimentação, medicamentos, agasalho e abrigo para refugiados.

 

Fonte: ACN

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