Quem é Jesus para nós?

    A liturgia do 12º Domingo do Tempo Comum coloca no centro da nossa reflexão a figura de Jesus: quem é Ele e qual o impacto que a sua proposta de vida tem em nós? A Palavra de Deus que nos é proposta impele-nos a descobrir em Jesus o “messias” de Deus, que realiza a libertação dos homens através do amor e do dom da vida; e convida cada “cristão” à identificação com Cristo – isto é, a “tomar a cruz”, a fazer da própria vida um dom generoso aos outros.

    O Evangelho(Cf. Lc 9,18-24) confronta-nos com a pergunta de Jesus: “e vós, quem dizeis que Eu sou?”(Cf. Lc 9,18) Paralelamente, apresenta o caminho messiânico de Jesus, não como um caminho de glória e de triunfos humanos, mas como um caminho de amor e de cruz. “Conhecer Jesus” é aderir a Ele e segui-l’O nesse caminho de entrega, de doação, de amor total.

    A primeira leitura(Cf. Zc 12,10-11;13,1) apresenta-nos um misterioso profeta “trespassado”, cuja entrega trouxe conversão e purificação para os seus concidadãos. Revela, pois, que o caminho da entrega não é um caminho de fracasso, mas um caminho que gera vida nova para nós e para os outros. João, o autor do Quarto Evangelho, identificará essa misteriosa figura profética com o próprio Cristo. O Segundo Cântico do Servo do Senhor mostra-nos uma vocação pessoal: “o Senhor chamou-me antes de eu nascer, desde o ventre de minha mãe ele tinha na mente o meu nome”(Cf. Is 49,1). Este chamado é o de manifestar a grandeza de Deus ao povo de Israel e a de ser uma luz para as nações. De fato, “João pregou um batismo de conversão para todo o povo de Israel, antes que Jesus chegasse”(Cf. At 13,24).

    O Batista não era a Luz do mundo, mas a indicou com a sua vida, pregação e martírio. A vida cristã é um dom de Deus, todos nós somos vocacionados a participar da vida divina, por meio da Redenção operada por Cristo. Diante de tamanho dom, somos convidados a cantar com o salmista: “Eu vos louvo e dou graças, ó Senhor!”(Cf. Sl 138).

    O nome João significa “misericórdia de Deus”. De fato, Deus foi misericordioso com Isabel dando-lhe um filho na velhice; foi misericordioso com Zacarias, cujo nome tem as consoantes de Zicaron(do hebraico), que significa “memória”, “lembrança”. O memorial do Antigo Testamento, os sacrifícios de touros e ovelhas, estava mudo, sem expressão, até a vinda de Jesus, pois nele temos a Nova Aliança, por meio de seu Sangue. O anúncio de São João Batista prepara o caminho para a Nova e Eterna Aliança, que será anunciada, lembrada, até que Cristo retorne em sua glória: a Igreja, assim como João, está unida à vida e a missão de Jesus: ele é o amigo do Esposo(Cf. Jo 3,29); ela é a Esposa do Cordeiro. A esposa anuncia a morte do Senhor e proclama a sua Ressurreição até que ele venha. A Igreja, assim como João, não vive para si, mas para aquele que a amou e resgatou. Ambos, o Amigo e a Esposa, creem e anunciam.

    O fato de Zacarias recuperar a fala ao nascer João Batista tem o mesmo significado que o rasgar-se do véu no templo, ao morrer Cristo na cruz. Se João Batista se anunciasse a si mesmo, Zacarias não abriria a boca. Se solta a língua porque nasce aquele que é a voz. Com efeito, quando João Batista já anunciava o Senhor, perguntaram-lhe: Quem és tu? E ele respondeu: Eu sou a voz de quem clama no deserto. João é a voz; mas o Senhor, no princípio era a Palavra. João é a voz passageira; Cristo é, desde o princípio, a Palavra eterna.

    A segunda leitura(Cf. Gl 3,26-29) reforça a mensagem geral da liturgia deste domingo, insistindo que o cristão deve “revestir-se” de Jesus, renunciar ao egoísmo e ao orgulho e percorrer o caminho do amor e do dom da vida. Esse caminho faz dos crentes uma única família de irmãos, iguais em dignidade e herdeiros da vida em plenitude.

    Depois de termos celebrado a Solenidade da Santíssima Trindade e adorarmos a Jesus no Santíssimo Sacramento na Solenidade de Corpus Christi somos chamados a entrar no tempo comum procurando responder com nossa vida quem é Jesus para nós! Que saibamos dar o devido valor ao anunciador de Jesus, São João Batista relembrando a mensagem trazida por ele: “Fazei penitência, porque está próximo o Reino dos Céus.” (Mt 3,2).

    Nesse domingo vamos refletir sobre a centralidade da pessoa de Jesus na nossa vida cristã. Pai toma-me sob a tua proteção e robustece-me com o teu Espírito, de modo que eu possa cumprir, com coragem e fidelidade, as tarefas do Reino que me são confiadas no seguimento de Jesus Cristo, aquele predito e anunciado por São João Batista.

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