Primavera

    Cada uma das quatro estações tem as suas características próprias e suscita nas pessoas diferentes reações. A primavera manifesta renovação, ressurgimento, vitalidade e beleza. O colorido das flores e folhas novas se multiplica. Anuncia que a vida pode ressurgir onde ela aparentemente tinha perdido as forças. Todos os seres vivos vivem intensamente a estação. A primavera é possível porque existem as estações do verão, do outono e do inverno. Ela também provoca os humanos a pensarem em todo o universo, na “casa comum”.

    A beleza da primavera convida para a contemplação. É preciso dirigir um olhar desinteressado, isto é, não utilitarista para este mundo. Fixar os olhos em qualquer flor é o suficiente para despertar o encantamento e sensibilizar. Vive-se num ambiente recebido gratuitamente que é belo, ordenado, harmônico e múltiplo.

    A experiência de visitar ambientes na natureza que ainda não sofreram grandes modificações pela ação humana é outra experiência fascinante. Sim, muitas obras humanas são espetaculares, porém o ruído das cachoeiras e rios, o cantar dos pássaros, o cheiro do mato tem marcas próprias, pois são naturais.

    Entre todas as criaturas do planeta terra o ser humano é o que tem maior poder destruidor e também tem o maior poder e responsabilidade de cuidar. É fundamental uma compreensão adequada do planeta, pois diz respeito aos fundamentos da vida e do agir. Cada dia que passa a inteligência humana desvenda um pouco mais deste fascinante universo.

    Temos que admitir que ainda conhecemos muito pouco desta natureza. Muitos cientistas apontam sérios problemas no modo de viver e no agir dos seres humanos que estão afetando a vida e o futuro do planeta. Outros afirmam que os dados não são verdadeiros e tudo se trata de um alarmismo. Os seres humanos têm inteligência para avançar mais no conhecimento e também sabedoria para escutar e avaliar todos os dados e argumentos. Certamente, todos querem hoje e, pelos séculos sem fim, contemplar e se admirar de muitas primaveras.

    A carta encíclica da Papa Francisco Laudato Si: sobre o cuidado da casa comum, depois de uma longa reflexão, jubilosa e ao mesmo tempo dramática, propõe duas orações convidando para o cuidado da criação. Transcrevo a “Oração pela nossa terra”.

    “Deus onipotente, que estais presente em todo o universo e nas mais pequenina das vossas criaturas. Vós que envolveis com a vossa ternura tudo o que existe, derramai em nós a força do vosso amor, para cuidarmos da vida e da beleza.

    Inundai-nos de paz, para que vivamos como irmãos e irmãs sem prejudicar ninguém.

    Ó Deus dos pobres, ajudai-nos a resgatar os abandonados e esquecidos desta terra que valem tanto aos vossos olhos.

    Curai a nossa vida, para que protejamos o mundo e não o depredemos, para que semeemos beleza e não poluição nem destruição.

    Tocai os corações daqueles que buscam apenas benefícios à custa dos pobres e da terra.

    Ensinai-nos a descobrir o valor de cada coisa, e contemplar com encanto, a reconhecer que estamos profundamente unidos com todas as criaturas no nosso caminho para a vossa luz infinita.

    Obrigado porque estais conosco todos os dias.

    Sustentai-nos, por favor, na nossa luta pela justiça, o amor e a paz”.

     

     

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