Pe. Tom Uzhunnalil: “Eu fui testemunho do poder da oração”

REDAÇÃO CENTRAL, 07 Nov. 18 / 10:00 am (ACI).- Pe. Tom Uzhunnalil, sacerdote que esteve sequestrado por 18 meses por terroristas muçulmanos, afirmou que perdoou os jihadistas e que, se durante o seu cativeiro permaneceu firme, “foi graças às orações de todas as pessoas que rezaram por mim”.

Em uma entrevista ao Grupo ACI, o sacerdote salesiano recordou a experiência que viveu no Iêmen, quando os terroristas o sequestraram depois de assassinar quatro Missionárias da Caridade e voluntários que ajudavam no asilo que as irmãs administravam em Áden.

Segundo explicou, a situação nos últimos dias tinha melhorado no Iêmen, onde havia uma grande confusão, devido à primavera Árabe. “As igrejas no Iêmen foram atacadas e vandalizadas, mas alguns dias antes do meu sequestro a situação se estabilizou um pouco”, recordou.

Entretanto, na manhã do dia 4 de março de 2016, quando estava rezando na capela das Missionárias da Caridade, ouviu alguns tiros no lado de fora. E viu quando as quatro religiosas foram assassinadas.

“Eu rezei à misericórdia de Deus pelas irmãs que morreram e também pelas pessoas que as assassinaram. Depois, disseram para eu sair e perguntaram se eu era muçulmano. Eu disse que não, que era cristão. E me colocaram na parte de trás do carro. Pouco tempo depois, abriram a porta novamente e jogaram um objeto de metal embrulhado em um pano. Era o sacrário que as irmãs tinham colocado na capela”, explicou.

Pe. Tom foi sequestrado por um grupo jihadista e assegura que não sofreu torturas físicas, mas sim psicológicas. “Eles tiraram tudo de mim, embora me dessem um pouco de água e de comida”, recordou. Durante esses meses, mudaram de lugar umas cinco ou seis vezes, mas afirma que nunca soube a localização exata de onde estava sequestrado.

Durante os 18 meses do sequestro, Pe. Tom permaneceu firme na oração. “Foi graças às orações de todas as pessoas que rezaram por mim que pude suportar tudo o que vivi. Não foi pelas minhas próprias forças, mas pela oração dos meus irmãos e irmãs na fé”, assegurou.

Entretanto, Pe. Tom também se apoiou especialmente na oração durante esses momentos difíceis. “Todos os dias rezava o Ângelus; três ou quatro Terços; um Pai Nosso, Ave Maria e Glória pelas irmãs falecidas; a Oração da Divina Misericórdia, meditava a Via-Sacra e celebrava a Santa Missa de maneira espiritual, porque não tinha pão nem vinho, mas rezava as orações de memória”, explicou.

“Rezei pelos meus sequestradores e agradeci a Deus pela semente de bondade que podiam ter em seus corações. Graças a Deus, não guardo rancor nem ódio”, assegurou.

Além disso, havia uma passagem do Evangelho que meditou com frequência durante os 18 meses. “No Evangelho está escrito que os fios de cabelo da nossa cabeça estão contados e que nenhum fio cai sem que o nosso Pai Celestial saiba. Deus sabia tudo o que estava acontecendo, porque deveriam ter me matado desde o começo, mas não foi assim. Eles me mantiveram vivo inclusive depois que disse que era cristão. Agora estou aqui, livre, para dar testemunho de que Deus está vivo, que ouviu as nossas orações e nos respondeu. Eu fui testemunho do poder da oração”, declarou ao Grupo ACI.

Após a sua libertação em 12 de setembro de 2017, encontrou com o Papa Francisco, um momento que foi “muito emocionante”. “Durante a reunião com o Papa eu chorei e agradeci pelas orações que havia rezado por mim e pelas que havia pedido para que rezassem mim”.

A todos os cristãos que sofrem perseguição hoje, Pe. Tom os encorajou a permanecer firmes na oração e na fé em Deus. “A oração é o melhor que Deus nos deu e pode conseguir tudo. Abandonado na vontade do Senhor, durante o meu sequestro pedia ao Senhor que me libertassem logo, mas também lhe pedia que me desse a graça para realizar a missão que Ele havia pensado para mim”, recordou.

Atualmente, o sacerdote vive em Bangalore (Índia), pois o Iêmen ainda está em guerra, entretanto, assegurou que está disposto a voltar ao país “se essa for a vontade de Deus”.

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