Oração confiante

    Esta semana os nossos corações estarão voltados para as terras de São João Paulo II e Santa Faustina, onde celebraremos a Jornada Mundial da Juventude. A primeira após a nossa aqui do Rio de Janeiro. “Bem-aventurados os misericordiosos porque alcançarão misericórdia” é o tema que tem norteado todas as participações e reflexões. Neste domingo que precede esse grande acontecimento, a Palavra de Deus nos recomenda a confiança na oração perseverante.
    As leituras bíblicas do XVII Domingo do Tempo Comum nos mostram a experiência suplicante de Abraão por seu povo, e Jesus, que reza e ensina seus discípulos a rezar. Na primeira leitura (Gn 18, 20-32) aparece a comovente oração de Abraão, em favor das cidades pecadoras, expressão magnífica da sua confiança em Deus e da sua solicitude pela salvação dos outros. Deus revelou-lhe o Seu desígnio de destruir as cidades de Sodoma e Gomorra, pervertidas ao máximo, e o patriarca procura deter as consequências disso, em atenção aos justos que, possivelmente, poderia haver entre os pecadores.
    Apenas se salva a família de Lot para testemunhar a misericórdia de Deus e o poder da intercessão de Abraão. A oração de Abraão é muito atual nos tempos em que vivemos. É necessária uma oração assim, para que todo homem justo trate de resgatar o mundo da injustiça.
    O Evangelho (Lc 11, 1-13) retoma o tema da oração. Jesus, solicitado pelos seus discípulos, ensina-os a orar: “Quando orardes, dizei: Pai, santificado seja o Teu nome. Venha o Teu reino” (Lc 11, 2). O cristão, autorizado por Jesus, chama a Deus de Pai, nome que dá à oração uma atitude filial, que pode derramar o seu coração no coração de Deus, apresentando-Lhe as suas necessidades de maneira simples e espontânea, como indica o Pai-nosso.
    Com a parábola do amigo importuno, Jesus ensina a orar com perseverança e insistência, como fez Abraão, sem temer ser indiscretos: “Pedi, procurai, batei”. Não há horas inconvenientes para Deus. Nunca se aborrece da oração humilde e confiada dos Seus filhos, mas antes se compraz com ela: “Todo aquele que pede recebe; quem procura encontra; e ao que bate abrir-se-á” (Lc 11, 10). E, mesmo que o homem nem sempre obtenha aquilo que pede, é certo que a sua oração não é em vão, pois o Pai celeste responde sempre com o Seu amor e a Seu favor, embora de uma maneira oculta e diferente da que o homem espera. O mais importante não é obter isto ou aquilo, mas, sim, que nunca lhe falte a graça de ser cada dia fiel a Deus. Esta graça está garantida ao que ora sem cessar: “Se vós que sois maus sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o Pai do céu dará o Espírito Santo aos que O pedirem”. (Lc 11, 13). No dom do Espírito Santo estão incluídos todos os bens que Deus quer conceder aos Seus filhos.
    Nós rezamos para nos abrir para Deus, para nos fazer tomar consciência d’Ele com todo o nosso ser, para que percebamos, com cada fibra do nosso ser, que não nos bastamos a nós mesmos, mas somos seres chamados a viver a vida em comunhão com o Infinito, em relação com o Senhor. Sem a oração, perderíamos nossa referência viva a Deus, cairíamos na ilusão de que somos o centro da nossa vida e reduziríamos o Senhor Deus a uma simples ideia abstrata, distante e sem força.     Todo aquele que não reza, seja leigo, seja religioso, seja padre, perde Deus, perde a relação viva com Ele. Pode até falar Dele, mas fala como quem fala de uma ideia, de uma teoria e não de alguém vivo e próximo, que enche a vida de alegria, ternura, paz e amor. Sem a oração nós nos afastamos de Deus. Sem a oração é impossível uma experiência verdadeira e profunda de Deus e, portanto, é impossível ser cristão. Por tudo isso, a oração tem que ser diária, perseverante e fiel.
    Jesus retirava-se para rezar com frequência! E um dia, ao terminar a Sua oração, disse-lhe um de Seus discípulos: “Senhor, ensina-nos a orar… É o que nós temos de pedir também: Jesus, ensina-me de que modo relacionar-me contigo, diz-me como e que coisas devo pedir-Te…Pois, se Jesus foi um homem orante, também os cristãos são chamados a serem homens e mulheres orantes. Para que possam transformar toda a sua vida numa comunhão profunda com Deus, importa dedicar espaços de tempo explicitamente ao exercício da oração. Sem dúvida, a oração constitui uma profunda experiência pascal. Daí cuidarmos da vida de oração, pois a oração é o grande recurso para sair do pecado, perseverar na graça, mover o coração de Deus e atrair sobre nós toda a sorte de bênçãos do céu, quer para a alma, quer pelo que respeita as nossas necessidades temporais.
    No Catecismo da Igreja Católica, toda a quarta parte trata da Oração Cristã, concluindo com os pedidos do Pai Nosso. É tradição da iniciação cristã, além da Doutrina, do Comportamento e da Santificação, ter toda a dimensão orante da Igreja como parte integrante da formação.
    Peçamos, humildemente, como os primeiros discípulos: “Senhor, ensina-nos a rezar”. E aqui não se trata de fórmulas, mas de atitudes. Observemos que a oração que Jesus ensinou, o Pai-Nosso, é toda ela centrada não em nós, mas no Pai: no seu Reino, na sua vontade, na santificação do Seu nome. Somente depois, quando aprendermos a deixar que Deus seja tudo na nossa vida, é que experimentaremos que somos pessoas novas, transformadas pela graça do Senhor.
    Nós, que fomos sepultados no Batismo e ressuscitamos com Cristo, somos chamados a tomar posse da graça do perdão dos pecados, que na cruz de Cristo foram perdoados (Cl 2, 12-14), o que nos faz rezar agradecendo pelos dons recebidos.
    E, rezando incessantemente, nesta semana acompanhemos com nossa prece todos os jovens do mundo inteiro, particularmente os do Rio de Janeiro, que comigo viajam para a JMJ de Cracóvia. A nossa oração fervorosa conduzirá estes jovens que peregrinam para anunciar o frescor do Evangelho da Vida.

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