“O tempo já se completou e o Reino de Deus está próximo!”

     

    No primeiro Domingo do Tempo da Quaresma, a liturgia garante-nos que Deus está interessado em destruir o velho mundo do egoísmo e do pecado e em oferecer aos homens um mundo novo de vida plena e de felicidade sem fim.

    A Quaresma é um tempo oportuno de religioso silêncio, o silêncio sagrado. Junto com este tempo de retiro celebramos a Campanha da Fraternidade que tem como tema: “Fraternidade e superação da violência e, como lema: “Vós sois todos irmãos”. Fico abismado quando vejo que a Quaresma hoje não representa quase nada ou nada para muitas pessoas que vivem a sua vida como se este tempo não fosse um tempo forte de mudança de vida. Este tempo, o tempo quaresmal, tem um significado profundo de compromisso de fé, de descobrir o sentido profundo de preparação para a celebração da Páscoa do Ressuscitado, mistério fundamental e central de nossa fé.

    No tempo da Igreja, desde centro, a Quaresma foi um tempo de preparação para o Batismo e, para os batizados, um tempo de retiro para renovação dos compromissos batismais na celebração da Vigília Pascal. Todas as cerimônias da Semana Santa são importantes, com um sentido profundo para a nossa fé, mas a Vigília Pascal, que é a celebração da ressurreição de Jesus, reveste-se de maior importância, porque renovando nossas promessas batismais nos comprometemos a levar mais a sério a opção por Jesus Cristo.

    A primeira leitura (Cf. Gn 9,8-15) é um extrato da história do dilúvio. Diz-nos que Deus, depois de eliminar o pecado que escraviza o homem e que corrompe o mundo, depõe o seu “arco de guerra”, vem ao encontro do homem, faz com ele uma Aliança incondicional de paz. A ação de Deus destina-se a fazer nascer uma nova humanidade, que percorra os caminhos do amor, da justiça, da vida verdadeira.

    No Evangelho (Cf. Mc 1,12-15), Jesus mostra-nos como a renúncia a caminhos de egoísmo e de pecado e a aceitação dos projetos de Deus está na origem do nascimento desse mundo novo que Deus quer oferecer a todos os homens (o “Reino de Deus”). Aos seus discípulos Jesus pede – para que possam fazer parte da comunidade do “Reino” – a conversão e a adesão à Boa Nova que Ele próprio veio propor.

    Jesus é tentado. Estamos diante do deserto, dos anjos e dos diabos.

    Primeiro: o deserto. O deserto indica um local de provação. Jesus é o novo Israel que passa 40 dias no deserto e vence a tentação, permanecendo fiel à vontade divina e à sua Aliança.

    Segundo o diabo e terceiro os anjos que representam o interior de cada um de nós. Dentro de nós pode morar um anjo e um diabo. Quando nos damos de corpo e alma a Deus em nós sobressai o lado angélico e quando nos damos aos prazeres da carne então fala mais alto o lado diabólico. Vivemos num mudo onde existem pessoas com corações diversificados. Há aqueles que são mais compreensivos e curtem a paz, até mesmo em momentos críticos. São os que têm como razão de viver o cultivo da vida interior com Deus e em Deus. Para estes, os anjos de Deus constantemente os servem com a paz, com a fortaleza, com a sabedoria, com o temor de Deus e assim por diante. Mesmo que tenham um temperamento forte, sabem controlar seus impulsos e seus instintos.

    O diabo representado pelos impulsos e os instintos. Todos nós sabemos que os animais reagem por impulsos e instintos. E isso também existe dentro de cada um de nós quando não fazemos usa da nossa liberdade e vontade que vindos de Deus deveriam ser usados para escolher sempre o bem! Em alguns, parecem indomáveis estes dois elementos. Trata-se de pessoas impulsivas, que primeiro fazem e depois pensam, quando as consequências amargam na vida. O diabo que indomada existe em quem vive pelo instinto, incapaz de ter qualquer controle sobre si próprio.

    Jesus é claro no Evangelho de hoje: “Convertam-se e acreditem no Evangelho” (Cf. Mc 1,15). Conversão é termos a coragem de romper com um mau costume, mudar um mal comportamento ou algo que nós sabemos ser prejudiciais, que machuca as pessoas que convivem conosco e ofendem a Deus, porque é um ato de desamor. Não basta desejar romper com um mal hábito, é preciso ter a firme decisão de mudá-lo. Por isso nós celebramos a Quaresma, que é a ocasião propícia, o tempo favorável para adquirir bons hábitos, aperfeiçoar e mudar em nós aquelas coisas que precisam ser mudadas. E isso, felizmente, nós só conseguimos com a ajuda de Deus.

    Na segunda leitura (Cf. 1Pd 3,18-22), São Pedro recorda que, pelo Batismo, os cristãos aderiram a Cristo e à salvação que Ele veio oferecer. Comprometeram-se, portanto, a seguir Jesus no caminho do amor, do serviço, do dom da vida; e, envolvidos nesse dinamismo de vida e de salvação que brota de Jesus, tornaram-se o princípio de uma nova humanidade.

    Jesus hoje diz no Evangelho: “O tempo já se completou e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no Evangelho! ” (cf. Mc 1,15). Busquemos o Reino de Deus. Com o jejum, a oração e a penitência caritativa (tirar do que é essencial e dar aos mais pobres num ato de despojamento e de desprendimento) é uma obrigação de quem quer mudar de vida. Mudança de atos, mudança de vida, mudança de coração, mudança de atitudes, mudança de paradigmas deixando de lado os antigos vícios, intolerâncias e indiferenças e vencendo aos muitos desertos que passamos, vencendo a muitos diabos que nos rondam e procurando a ajuda dos anjos para vivermos a graça santificante de Deus.

    Vençamos as tentações e vivamos uma vida nova no Senhor!

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