Lumen Gentium: novo olhar sobre a eclesiologia

No nosso espaço Memória Histórica – 50 anos do Concílio Vaticano II, vamos continuar a tratar na edição de hoje da Constituição Dogmática Lumen Gentium sobre a Igreja.

No programa de hoje, o Bispo de Santo André (SP), Dom Pedro Cipollini, fala sobre o diferente enfoque que a Lumen Gentium dá ao tema da eclesiologia, que ressalta “os elementos essenciais de uma eclesiologia que possa ser compreendida, vivida, e que transforme realmente a vida daqueles que fazem parte da Igreja, voltando, recuperando aquele espírito eclesial de Igreja da época apostólica”:

“Gostaria de ressaltar, que logo no primeiro capítulo, o mistério da Igreja, já se vê uma configuração diferente na abordagem do tema da eclesiologia. A eclesiologia, que antes começava abordando a hierarquia, agora ela começa abordando o mistério da Igreja. E coloca lá no proêmio já, as linhas, as três grandes linhas e enfoques deste documento. Uma perspectiva Cristológica, uma perspectiva Sacramental e a perspectiva Antropológica.

Na perspectiva Cristológica, se diz: “Sendo Cristo a luz dos povos,  este Sacrossanto Sínodo congregado no Espírito Santo, deseja ardentemente anunciar o Evangelho a toda a criatura, e iluminar todos os homens com a claridade de Cristo, que resplandece na face da Igreja. Então a Igreja que é a depositária da Revelação, do Evangelho de Jesus Cristo. A luz dos povos é Cristo. E a Igreja transmite esta luz, assim como a lua recebe a luz do sol e a transmite.

E o aspecto Sacramental e porque a Igreja é em Cristo como que o Sacramento ou sinal, instrumento, da íntima união com Deus e da unidade de todo o gênero humano, ela deseja oferecer a seus fieis e a todo o mundo um ensinamento mais preciso sobre a sua natureza e a sua missão universal, insistindo no tema dos Concílios anteriores. Então a Igreja como sinal, Sacramento, da união com Deus e da unidade do gênero humano.

E por fim, a perspectiva antropológica. As presentes condições do mundo tornam mais urgente este dever da Igreja, a fim de que os homens hoje mais intimamente unidos por vários vínculos sociais, técnicos e culturais, alcancem também total unidade de Cristo. Então esta perspectiva antropológica no sentido da unidade entre os seres humanos, e o empenho para tirar tudo aquilo que desune, tudo aquilo que possa configurar-se contrário ao Reino de Deus, quer sejam injustiça, miséria e tudo mais.

Então este primeiro capítulo já dá o tom de todo o documento. O mistério da Igreja, a abordagem da Igreja, começa colocando a Igreja, tendo sua fonte na Trindade Santíssima. E isso daí é uma mudança muito grande na eclesiologia e em seguida, o Capítulo II da Lumen Gentium vai falar  do povo de Deus, a nova aliança e novo povo de Deus. Quer dizer, a Igreja considerado como Corpo de Cristo e povo de Deus, que são conceitos complementares, não são antagônicos. Paulo tem a ideia da Igreja como um corpo orgânico e este corpo orgânico é o povo de Deus. Quem é o povo de Deus? É o Corpo de Cristo. Quem é o Corpo de Cristo? É o povo de Deus. Cristo é a cabeça do Corpo e Cristo está presente em todos os membros da Igreja, que pelo Batismo, formam o povo de Deus, configurados à Cristo. Então isto também é muito importante, porque coloca este mistério da Igreja, na presença histórica, caminhando na história, neste povo sacerdotal de batizados. E em terceiro lugar, aí para servir este povo, a constituição hierárquica da Igreja, em especial do episcopado. Coloca também a Lumen Gentium o ministério hierárquico como serviço a toda a Igreja. De mudança em mudança de enfoque, este Documento coloca de uma forma maravilhosa, os elementos essenciais de uma eclesiologia que possa ser compreendida, vivida, e que transforme realmente a vida daqueles que fazem parte da Igreja, voltando, recuperando aquele espírito eclesial de Igreja da época apostólica. Então, o Movimento Patrístico, o Movimento Bíblico, vão influir muito aqui nestes capítulos da Lumen Gentium”.

Fonte: Rádio Vaticano

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