Gabriella Gambino: custodiar a vida humana, principalmente na sua fragilidade

Entrevista com a subsecretária do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, Gabriella Gambino, sobre o compromisso dos leigos e, em particular das mulheres, a serviço da Santa Sé.

Cidade do Vaticano

O papel dos leigos a serviço da Santa Sé, a atualidade do “gênio feminino” na Igreja, o delicado tema da bioética, são os pontos-chave da entrevista de Gabriella Gambino ao Vatican News. Gabriella, 50 anos, casada e mãe de 5 filhos, especialista em bioética, foi nomeada ao cargo pelo Papa Francisco, em 7 de novembro do ano passado.

O que representa para a senhora estar a serviço da Santa Sé?

R. – Representa o espírito de dedicação e de obediência à Igreja e também a participação a esta missão absolutamente inesperada que me foi confiada, deixando-me levar por Deus. Sendo mulher e mãe, procuro conciliar, acertar equilíbrios delicados entre família e trabalho, que agora é mais complexo. Para isso, devo ter consciência diária da necessidade de ter a minha fé concreta, confiar em Deus porque, de outro modo, faria bem pouco!

O fato da senhora ser mãe e mulher, ajuda em seu serviço no dicastério que se dedica aos leigos, à vida e à família?

R.- Acredito que nós, fiéis leigos, como discípulos de Cristo, devemos nos colocar a serviço da Igreja a partir da nossa vocação específica. Portanto o fato de sermos leigos, e vivermos na plenitude do Sacramento do Matrimônio e da consequente genitorialidade, deve ser uma riqueza e um valor a mais dentro da Igreja. Como mãe de uma família numerosa, por exemplo, aprendi a organizar, planificar, certamente não prever tudo, porque com muitos filhos é impossível! E acredito que isso seja importante num ambiente de trabalho. Por exemplo, criar espaços… Saber distinguir as coisas urgentes das importantes, porque nem tudo o que é urgente é importante! Enfim, saber centralizar as necessidades das pessoas. E também que, talvez, pela minha experiência conjugal, a virtude da paciência seja importante no trabalho.

No Vaticano, aumenta cada vez mais o número de mulheres em cargos importantes. Na sua opinião, qual é a contribuição do “gênio feminino” à vida e à atividade da Santa Sé?

R. – Creio que a mulher seja antes de tudo mãe, não apenas biologicamente, mas principalmente moral e espiritualmente. Como consequência, aumentar o número de mulheres na Igreja – em um contexto prevalentemente masculino como é a Santa Sé – permite a entrada do princípio materno que significa centralizar a atenção sobre o tema da fragilidade humana que deve ser acolhida e custodiada. Também, remove um pouco do “eficientismo” que deve deixar lugar, ao invés, à possibilidade do homem de sentir-se filho, sentir-se regenerado na sua identidade filial, porque no fundo a presença de uma mulher como mãe serve para lembrar que na origem da nossa vida há um pai e ao ser humano que na origem da sua existência há um Pai que o deseja, amado e gerado.

A senhora tem uma longa experiência no campo da bioética. Qual é a questão mais importante para a Igreja hoje sobre este delicado tema?

R.- Hoje a Igreja enfrenta desafios inéditos no campo da bioética em geral e em particular da vida, da sexualidade, do matrimônio e da família, também intensificados pelas legislações em todo o mundo, que reduzem os espaços para elaborar o sentido da vida, diante dos desafios que chegam da tecnologia, da ciência e da medicina… Por isso, acredito que hoje seja importante concentrarmo-nos principalmente no tema da fragilidade que é o núcleo da reflexão bioética. Colocar a fragilidade no centro de todas as dimensões da existência humana, não apenas no início e no final, mas em todas as passagens cruciais da vida humana. Pensemos na infância, na fase de procriação, na geração da vida, na doença, na velhice…

Fonte: Rádio Vaticano

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