Fraternidade e superação da violência V

    Estamos partilhando ações de superação da violência, enfoque principal da Campanha da Fraternidade 2018. Na semana passada refletíamos que “a paz começa em ti”. Sou o primeiro agente responsável e tenho uma contribuição insubstituível a fazer. Hoje ampliamos a reflexão para outros espaços.

    O primeiro lugar onde o ser humano aprende a se relacionar é na família que é um “santuário de vida”, um lugar sagrado. O lugar primeiro onde aprendemos a amar a vida e a respeitar os outros, onde fazemos o primeiro exercício da fraternidade, “vós sois todos irmãos” (Mt 23,8). Lugar onde se inicia a formação da consciência moral, a distinguir entre o bem e o mal, entre o certo e o errado. É uma missão nobre e intransferível dos pais que não pode ser terceirizada. Como ilustração, cito um fato acontecido num pequeno povoado onde havia um sério conflito entre famílias vizinhas. Um dia meus colegas foram visitar uma dessas famílias e a seguir foram passear acompanhados por uma criança de uns 07 anos. Na medida em que caminhavam o menino apontava o dedo para as casas e, espontaneamente, dizia: “amigos”, apontando para outra casa dizia: “inimigos”…. Aprendeu bem a lição para ser violento, vingativo, do mesmo modo, poderia ter aprendido a lição da superação da violência.

    Outro espaço educativo para a superação da violência são as escolas, faculdades e universidades. Contando alunos, professores, servidores e outros profissionais chegamos a uma percentagem significativa da população envolvida diariamente em espaços formais educativos. Enquanto vão sendo ensinados os conteúdos, as ciências específicas de cada instituição de ensino, estabelecem-se relações entre os alunos, despertando amizades, paixões ou também agressões que desencadeiam em violências. Penso que todos os conflitos e as transgressões, por menores que sejam, devam ser objeto de reflexão, de estudo. Os ambientes da educação são espaços propícios para o desenvolvimento da cultura da paz. Uma análise crítica da cultura passada e presente revelam elementos que estimulam, legitimam e consolidam comportamentos violentos. Não é possível mudar o passado, mas é possível gestar uma nova cultura.

    A sociedade civil, organizada em múltiplas formas, pode contribuir significativamente. Aqui incluo as Igrejas, religiões, associações, sindicatos, clubes, ONGs, entre outras, que agregam pessoas das mais diferentes classes e finalidades. São espaços para promover uma convivência fraterna, exercitarem o diálogo e transmitirem comportamentos promotores da igualdade e respeito diante de diferentes interesses.

    Sem dúvida, cabe um papel importantíssimo aos poderes constituídos da sociedade para a superação da violência. Problemas estruturais são geradores de violência. Cabe a quem governa, ouvindo a sociedade, tomar as devidas medidas de acordo com a sua competência e os órgãos de que dispõem, pois, omissão do Estado abre espaços a grupos criminosos. Políticas de inclusão social que tornem todos iguais perante a lei, que favoreçam o bem comum e que tornem a sociedade mais igualitária e justa diminuem ambientes geradores de violência.

     

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    Arcebispo de Passo Fundo, dom Rodolfo Luís Webber ingressou em 1976 no Seminário Menor São João Vianney. Foi ordenado diácono em 17 de junho de 1990 e presbítero no dia 05 de janeiro de 1991, e bispo, em 15 de maio de 2009, para a prelazia de Cristalândia no Tocantins. Possui pós-graduação em Psicopedagogia e mestrado em Filosofia pela Universidade Gregoriana de Roma. Durante a 53ª Assembleia Geral da CNBB, dom Rodolfo Weber foi eleito secretário do regional Centro-Oeste.

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