Especial Sudão do Sul: “não posso abandonar meu rebanho”

O Pe. Arcangelo arrisca a sua vida todas as semanas para dar assistência num campo de deslocados na Diocese de Malakal, no Sudão do Sul, onde 9.000 pessoas se esforçam por sobreviver.

“Aguentamos um mês com cerca de 9.000 refugiados na igreja e na área da paróquia até ao terceiro ataque, quando tive de pedir a todos que fugissem, pois já não estávamos seguros. Muitos não acreditaram em mim e não queriam deixar a igreja. Eu também não queria ir! Queria ficar com o meu povo, mas um deles me disse: ‘Padre, sabe quanto tempo, quantos anos são necessários até um de nós se tornar padre? Sabe o que um padre significa para nós? Vá, pois precisamos do senhor vivo. Quando for seguro, volte para junto de nós.’ Houve um momento durante a minha fuga que pensei: é o fim! Depois, simplesmente coloquei a minha vida nas mãos de Deus. Sempre que é possível, visitamos o nosso rebanho, para levar o básico, bens de primeira necessidade, mas também para administrar os sacramentos. Sei que é muito perigoso. Mas não posso abandonar o meu rebanho!”, testemunha padre Arcangelo, um dos sacerdotes auxiliados pela Ajuda à Igreja que Sofre (ACN).

Só no Sudão do Sul, calcula-se que 51% das crianças tenha deixado de frequentar a escola, também por terem sido obrigadas a fugir de suas casas, com as famílias, para algum centro de desalojados. Esta é uma das prioridades para a ACN: permitir que estas crianças traumatizadas com a guerra tenham acesso à educação.

“O trabalho de educação nas escolas de emergência se tornou fundamental, mesmo que agora tenha grandes necessidades para continuar a funcionar. Somos gratos pelo entusiasmo dos alunos em aprender, a boa vontade dos pais e de todos os simpatizantes. Confiamos que através do apoio da Ajuda à Igreja que Sofre, do encorajamento e das orações de vocês, este trabalho – que começou tão precariamente – seja uma fonte de esperança para muitas famílias e crianças, na preparação de gerações de alunos que edifiquem e sirvam os seus irmãos e irmãs onde quer que se encontrem. Obrigado pela vossa ajuda!” Pe. Onesmas Otieno (Responsável pela escola primária em Kosti, na fronteira com o Sudão do Sul)

Fonte: AIS

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