Ebola, descobertos novos remédios eficazes em 90% dos casos

Os dois tratamentos foram testados pela Organização Mundial de Saúde e pelo Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos. Trata-se de um êxito que pode ser decisivo para deter a epidemia. “Especialmente em países como o Congo, onde, também por causa da herança cultural, é difícil tratar os doentes”, como assinala o virologista Fabrizio Pergliasco.

Luisa Urbani, Silvonei José – Cidade do Vaticano

Há ainda um longo caminho a percorrer, mas foi dado um grande passo avante. O vírus Ebola pode ser derrotado mais facilmente graças a dois novos tratamentos que foram testados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pelo Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos (NIAID). Trata-se de um conjunto de anticorpos que, uma vez injetados no sangue dos doentes, destroem o vírus e reduzem os sintomas da doença, aumentando assim a capacidade de sobrevivência.

A importância da descoberta

“Uma descoberta de grande importância à qual se chegou graças a anos de estudos realizados também sobre o território por colegas que demonstraram grande capacidade técnica”, disse o virologista Fabrizio Pergliasco, deixando claro que “esses estudos estão em fase de testes e, portanto, de resultados provisórios que ainda não nos permitem declarar que o Ebola não é mais uma emergência internacional. O Ebola continua a ser uma doença muito grave, com uma elevada taxa de mortalidade, que está se alastrando em vastas camadas da população”.

Mortalidade reduzida a 6%

“Até hoje, não havia uma terapia adequada. Os únicos tratamentos possíveis eram de reidratação e de redução da febre. Havia também uma vacina disponível, mas a vacinação é uma ação preventiva que deve ser e é complementar à batalha travada para reduzir a difusão”, explica o especialista, ressaltando que a importância da descoberta está “na eficácia desses dois anticorpos monoclonais que atuam – e parece que com excelentes resultados – reduzindo o número de mortes”. Graças a estes novos tratamentos, a taxa de mortalidade, que atualmente varia entre 30% e 80%, diminuiria para 5-6%.

A difícil situação no Congo

Entre as nações mais afetadas pelo vírus está a República Democrática do Congo, onde, no ano passado, o vírus matou cerca de 2.000 pessoas. “No Congo – explica o virologista, professor da Universidade de Milão – é muito difícil combater a doença, sobretudo devido às condições culturais e socioeconômicas do país. A população local tem pouca confiança nos tratamentos e no pessoal médico”. De fato, houve ataques contra estruturas de saúde e médicos por parte dos habitantes. “Nestas condições, é difícil trabalhar e atuar intervenções de prevenção e informação. Agora, com as taxas de recuperação mais elevadas, é provável que também seja mais fácil persuadir as pessoas a procurarem tratamento, reduzindo assim a propagação do vírus. E é também por esta razão que, como declara Pergliasco, “a empresa que produz os novos medicamentos decidiu distribuí-los gratuitamente em todo o país”. Uma escolha ética porque, mesmo com base em dados incompletos, permite que muitas pessoas sejam tratadas”.

Os próximos passos

E enquanto o medicamento será distribuído gratuitamente no Congo, ao mesmo tempo a investigação prosseguirá porque, explica o virologista, “em todos os estudos para registro e distribuição em grande escala de medicamentos deve ser feita uma análise mais aprofundada sobre a oportunidade e eficácia do tratamento e, especialmente, sobre possíveis eventos adversos, que se evidenciam somente aumentando o número de pacientes submetidos ao tratamento”. De fato, neste momento, o tratamento só foi testado em cerca de 700 pessoas. Não é um número muito elevado, mas permite-nos reacender a esperança para milhões de pessoas.

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