Domingo de ramos e da paixão

    Inicia-se a Semana Santa apresentando dois aspectos bem ressaltados pelo evangelista Marcos, ou seja, a entrada solene de Jesus em Jerusalém (Mc 11, 1-10) e sua Paixão e Morte (Mc 14-15,47). Há uma relação intima entre estes dois fatos. Cristo organizou sua triunfal chegada à cidade santa alguns dias antes da Páscoa. Ele sabia que pelo caminho até Jerusalém sua fama rebrilharia nos hosanas festivos, mas lá também depois carregaria uma ignominiosa Cruz, na qual por entre tormentos terríveis viria a morrer. É certo, porém, que três dias após o drama do Gólgota Ele ressuscitaria imortal e impassível, acontecimento a ser comemorado no próximo domingo. Tudo isto para salvação da humanidade e a glória de Deus. Enquanto homem, Ele obedeceria inteiramente ao plano salvífico e já havia dito claramente: “Meu alimento é fazer a vontade do Pai” (Jo 4,34). São Paulo explicou: “Ele despojou-se a si mesmo, tomando a natureza de servo, tornando-se semelhante aos homens e reconhecido como homem por todo o seu exterior, humilhou-se, fazendo-se obediente até à morte e `morte de cruz” (Fil 2,7-8). Foi obedecendo à ordem de Jesus que dois de seus discípulos buscaram o jumentinho para a ida triunfal a Jerusalém (Mc 11,2). Fulge assim a obediência de Jesus que fará a vontade do Pai e a dos apóstolos que logo seguiram sua determinação. Obedecer é crer e fazer seu o mandamento recebido. Eis porque São Paulo falou aos romanos sobre a “obediência da fé” (Rm 1,5). Aí, portanto, uma primeira grande lição no início da Grande Semana que deve levar todos os fieis a se examinarem, verificando até onde cada um obedece aos mandamentos divinos, pois não basta recordar os sofrimentos de Jesus, uma vez que estes devem levar a uma revisão total de vida, a uma conversão do coração. A multidão aclamou a Cristo como Messias: “Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor” (Mc 11,7), porém, clamaria depois “Crucifica-o”!  (Mc 15,13-14). Outra grande mensagem, dado que os cristãos  não devem acender uma vela a Deus e outra ao diabo, louvando o Criador com as palavras, mas O ultrajando com as más ações. Com humildade é preciso, de fato, nesta semana aquilatar a sinceridade do próprio coração perante o Deus que tudo conhece, poderoso que é no céu e na terra. Todos precisamos estar sempre atentos em tudo aquilo em que acreditamos para verificar se nossos atos concordam com o que professamos. Cumpre louvar a Deus com nossa alma e com nosso corpo. A Paixão e Morte de Cristo mostrou que a proposta de seu Reino contrasta com os apelos das ilusões terrenas. Ele selaria com seu sangue aquilo que Ele pregou com palavras e com gestos, isto é, Ele ensinou o verdadeiro amor, a entrega total à vontade divina. Eis porque a reflexão sobre seus sofrimentos até o desenlace final no alto de uma Cruz exige que todos os seus seguidores sejam protótipos da adesão incondicional às leis de Deus, evitando  todo e qualquer pecado. A seu exemplo fazendo cada um de sua vida um dom a seu Senhor e ao próximo. A cruz de Jesus requer um dinamismo de um mundo novo, o dinamismo do Reino do Céu. A Semana Santa deve levar a todos a se conscientizar que o projeto libertador de Cristo constratava com a mentalidade egoística, opressora que dominava também naquele contexto histórico. O cristão precisa sempre estar disposto a se desinstalar de sua comodidade, de sua complacência com o mal e a  procurar uma conversão sincera.  A Semana Santa deve tirar cada um de uma passividade condenável, da inconstância na vida espiritual, levando à aceitação fiel de um caminho que passa pela Cruz. Tal a ordem de Cristo: “Se alguém quer ser meu discípulo, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me” (Mt,16,24). Tomar a sua cruz é assumir em plenitude o Evangelho, entrando pela porta estreita e rompendo com determinação com as propostas de um mundo divorciado da virtude e envolto em degradantes paixões. O verdadeiro triunfo de Jesus veio depois da Cruz. São Paulo afirmou: “Tenho para mim que os sofrimentos da presente vida não têm proporção alguma com a glória futura que nos deve ser manifestada” (Rm 8,18).  Reflitamos nisto durante a Semana Santa!

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