Domingo da Paixão e de Ramos!

    Com a celebração do domingo de Ramos iniciamos a Semana Santa. O mesmo Jesus que hoje é saudado com hosanas em Jerusalém será denunciado, injustamente. Condenado sem ter cometido crime algum é crucificado. Morto é sepultado e vence o sepulcro. Ressuscita, verdadeiramente, ao terceiro dia e está vivo entre nós!

    A celebração é dividida em dois momentos: um primeiro com a proclamação do Evangelho de Lucas(cf. 19,28-40) em que o Senhor, munido de um jumentinho(preste a atenção de que não é um cavalo) ele adentra em Jerusalém. Diz o Evangelho que: “Então puseram seus mantos sobre o animal e ajudaram Jesus a montar. E enquanto Jesus passava, o povo ia estendendo suas roupas no caminho. Quando chegou perto da descida do monte das Oliveiras, a multidão dos discípulos, aos gritos e cheia de alegria, começou a louvar a Deus por todos os milagres que tinha visto. Todos gritavam: ‘Bendito o Rei, que vem em nome do Senhor! Paz no céu e glória nas alturas!”(cf. Lc 19,34-38). O mesmo Jesus que hoje é acolhido com as palmeiras será crucificado. Por isso hoje se benze os ramos, recordando a entrada de Cristo em Jerusalém para realizar o seu mistério pascal. Com as mesmas palavras dos “filhos dos hebreus” somos chamados a repetir o gesto profético e aclamar ao Senhor. Os ramos bentos nesta solenidade são guardados para três finalidades: 1 – é dos ramos bentos no Domingo de Ramos que se queima para as cinzas que serão impostas na quarta-feira de cinzas do próximo ano; 2 – o ramo bento é colocado atrás do crucifico em nossas residências; 3 – quando temos temporais e catástrofes, com raios e chuvas fortes, é costume se queimar um pedaço do ramo em louvor a Deus.

    A liturgia deste último Domingo da Quaresma convida-nos a contemplar esse Deus que, por amor, desceu ao nosso encontro, partilhou a nossa humanidade, fez-Se servo dos homens, deixou-Se matar para que o egoísmo e o pecado fossem vencidos. A cruz (que a liturgia deste domingo coloca no horizonte próximo de Jesus) apresenta-nos a lição suprema, o último passo desse caminho de vida nova que, em Jesus, Deus nos propõe: a doação da vida por amor.

    A liturgia de hoje nos lembra as dores que Jesus sofreu na sexta-feira Santa: ouviremos o longo relato da Paixão de Jesus com o abandono do Senhor por parte de todos, repito por parte de todos, até a sua morte incruenta na cruz.  A realidade do domingo de Ramos é uma realidade muito dura na nossa vida e atualíssima: todos nós nos sentimos empolgados num primeiro momento com o seguimento de Cristo. Todos nós colocamos os mantos de nossas vidas no caminho por onde Jesus vai passar. Aclamamo-lo como nosso Rei e Senhor, cantamos-lhe “Hosanas” e assim por diante. Mas para nos tornarmos discípulos precisamos “encarnar” todo este fervor. Assim reza a liturgia de hoje: “Deus eterno e todo-poderoso, para dar aos homens um exemplo de humildade, quisestes que o nosso Salvador se fizesse homem e morresse na cruz. Concedei-nos aprender o ensinamento da sua paixão e ressuscitar com ele em sua glória!”. A humildade que Jesus viveu o seu Domingo de Ramos nos matricula na escola da humildade para encararmos a memória da paixão, morte e ressurreição do Senhor!

    A primeira leitura(cf. Is 50,4-7) apresenta-nos um profeta anônimo, chamado por Deus a testemunhar no meio das nações a Palavra da salvação. Apesar do sofrimento e da perseguição, o profeta confiou em Deus e concretizou, com teimosa fidelidade, os projetos de Deus. Os primeiros cristãos viram neste “servo” a figura de Jesus.

    A segunda leitura(cf. Fl 2,6-11) apresenta-nos o exemplo de Cristo. Ele prescindiu do orgulho e da arrogância, para escolher a obediência ao Pai e o serviço aos homens, até ao dom da vida. É esse mesmo caminho de vida que a Palavra de Deus nos propõe.

    O Evangelho(cf. Lc 22,14-23-56) convida-nos a contemplar a paixão e morte de Jesus: é o momento supremo de uma vida feita dom e serviço, a fim de libertar os homens de tudo aquilo que gera egoísmo e escravidão. Na cruz revela-se o amor de Deus, esse amor que não guarda nada para si, mas que se faz dom total.

    É difícil fazer calar uma multidão. Na descida do monte das Oliveiras, a multidão de Jerusalém aclama Jesus: “Bendito o que vem, o nosso rei, em nome do Senhor!” Mas uma multidão pode ser manipulada e acabar por dizer o contrário. Assim, alguns dias mais tarde, ela gritará: “Morte a este homem! Crucifica-o!” Jesus não quer calar a multidão que O aclama, porque, se eles se calam, as pedras falarão! Será um malfeitor, crucificado junto d’Ele, que O reconhecerá como rei: “Jesus, lembra-Te de mim, quando vieres com a tua realeza”. Será um centurião, um pagão do exército romano, a fazer um ato de fé: “Realmente este homem era justo!” As pedras não terão necessidade de gritar, porque estes dois homens recusaram calar-se: já o Espírito os animava e fazia-lhes dizer a verdade. Quanto a Jesus, é por ter dito a verdade que é levado à morte. De fato, a verdade desarranja… O trono que espera este rei é a cruz e a sua coroa será de espinhos: na fraqueza manifestar-se-á o poder de Deus, o poder do Amor!

    Vivamos, intensamente, a Semana Santa: em todos os dias teremos atividades para litúrgicas na segunda, na terça e na quarta: com o sermão do depósito, do encontro e das dores de Nossa Senhora. Na quinta-feira santa o Bispo Diocesano presidirá a missa da unidade em sua catedral com o seu presbitério: lembremos de rezar pelos nossos padres neste dia. Com a instituição da Eucaristia e o lava-pés inicia-se o Tríduo Pascal. A sexta-feira Santa é dia de jejum, de abstinência de carne, com a celebração da Paixão do Senhor às 15hs e o Sermão do Descendimento da Cruz. No sábado santo, dia de luto e de recolhimento, nos preparemos para a grande Vigília, a maior de todas: a Vigília Pascal. E, no domingo da Páscoa, experimentaremos a força da ressurreição de Jesus! Santa e abençoada Semana Santa!

    DEIXE UMA RESPOSTA

    Please enter your comment!
    Please enter your name here