Diáconos Permanentes

    Na véspera do Domingo Gaudete teremos a oportunidade de ordenar em nossa Catedral Metropolitana 11 novos diáconos permanentes. Homens casados que se foram chamados por Deus para exercerem também essa missão com a devida permissão de suas esposas. É um belo momento na Igreja ao ver a diversidade de vocações e a disponibilidade de tantas pessoas que se colocam a serviço do povo de Deus.

    Na Igreja primitiva a palavra diácono e suas variações eram utilizadas em sentido amplo. Mas, em alguns textos bíblicos, encontramos o substantivo “diácono” sendo empregado para nomear um tipo de ofício existente na Igreja, a que São Paulo chamou de diaconato e que primavam pelo serviço aos necessitados.

    Encontramos nos Atos dos Apóstolos (6,1-7), no alvorecer da comunidade primitiva a descrição da escolha desses homens. Nesse texto é apresentada a eleição de sete homens que deveriam “servir as mesas”, enquanto os apóstolos ficariam com a responsabilidade de orar e ministrar a Palavra. Para esse serviço eles deveriam “ter boa reputação e serem cheios do Espírito Santo e sabedoria” (v.3). Os escolhidos para esse importante trabalho foram: Estêvão, Filipe, Prócoro, Nicanor, Timão, Pármenas e Nicolau.

    Tempos depois dessa eleição, o apóstolo Paulo escreve uma carta aos Filipenses e saúda os santos e também os bispos e diáconos (Fl 1,1). Isso nos faz saber que nessa época já existia o diaconato. O apóstolo também escreve a Timóteo, pastor da igreja em Éfeso, a respeito dos requisitos necessários para os que desejavam se candidatar ao diaconato (1 Tm 3,8-13). Vemos assim uma prática da Igreja primitiva.

    A palavra “diácono” e suas derivações vêm do vocábulo grego diakonos, vocábulo esse que era empregado para designar ou significar servos, assistentes ou serventes, que prestavam os mais variados serviços.

    O que Jesus quis dizer é: Aquele que é maior demonstre-o, tornando-se servo (diácono) dos cultos. De igual modo podemos substituir, nesse exemplo, o vocábulo “servo” por “diácono”.

    Nas cartas a Timóteo e aos Filipenses o termo diácono e suas outras formas aparecem dando-nos a entender a existência do ofício diaconal, pois nos fala detalhadamente sobre pessoas escolhidas criteriosamente para exercerem o diaconato ou o chamado ofício de diácono (Fl 1,1 e 1Tm 3,8-13).

    O diácono é também alguém que se coloca à disposição da Igreja como servo desta, para servi-la e que também presta serviços diretos a ministérios de Deus, ou ministérios da igreja (Rm 16,1-2).

    Na vida profissional, como no ambiente de trabalho, o diácono deve ser testemunha do Ressuscitado, como nos advertiu o Papa Bento XVI: “Muitos de vós desempenhais uma atividade de trabalho nos escritórios, nos hospitais e nas escolas: em tais ambientes, sois chamados a ser servidores da Verdade. Anunciando o Evangelho, podereis transmitir a Palavra capaz de iluminar e dar significado ao trabalho do homem, ao sofrimento dos doentes, e ajudareis as novas gerações a descobrir a beleza da fé cristã. Deste modo, sereis Diáconos da Verdade que liberta, enquanto conduzireis os habitantes desta cidade rumo ao encontro com Jesus Cristo. Acolher o Redentor na própria vida constitui, para o homem, uma fonte de profunda alegria, um júbilo que pode infundir a paz até nos momentos de provação. Por conseguinte, sede servidores da Verdade para vos tornardes portadores da alegria que Deus deseja transmitir a cada um dos homens”. (https://w2.vatican.va/content/benedict-xvi/pt/speeches/2006/february/documents/hf_ben-xvi_spe_20060218_deacons-rome.html, último acesso em 07 de dezembro de 2018.

    Os diáconos permanentes não podem esquecer de unir a vida pastoral com a caridade pastoral, o que é próprio de seu ministério: “justamente estais empenhados em viver de modo inseparável o serviço litúrgico com o da caridade nas suas expressões concretas. Isto torna evidente que o sinal do amor evangélico não é redutível a categorias puramente de solidariedade, mas se põe como coerente consequência do mistério eucarístico. Em virtude do vínculo sacramental, que vos une aos Bispos e aos Presbíteros, viveis plenamente a communio eclesial. A fraternidade diaconal na vossa Diocese, embora não constitua uma realidade estrutural análoga à dos Presbíteros, leva-vos a compartilhar a solicitude dos Pastores. Da identidade diaconal brotam com clareza todos os elementos da vossa espiritualidade específica, que se apresenta essencialmente como espiritualidade de serviço.” (https://w2.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/speeches/2000/jan-mar/documents/hf_jp-ii_spe_20000219_jubilee-deacons.html, último acesso em 07 de dezembro de 2018)

    O diácono é uma pessoa que se coloca à disposição de Deus no ministério em favor dos homens (mais claramente ministrador do evangelho). Os diáconos permanentes devem ter uma presença destacada em favor da caridade e da evangelização em nossa cidade, amando os pobres, acolhendo as suas necessidades e levando a graça de Deus a todos os homens e mulheres de boa vontade, particularmente os que vivem nas periferias territoriais e existenciais que mais necessitam de nosso empenho pastoral e evangelizador.

    O Papa Francisco bem nos recordou que o diaconato permanente supõe uma oportunidade para que a Igreja possa converter-se ela mesma “em sinal visível da diaconia de Cristo Servidor na história dos homens”. Esse é o desejo do Papa e é o nosso desejo. Espero que todos os diáconos, já ordenados e os que serão ordenados, sejam promotores de uma “consciência diaconal” das Comunidades.

     

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