Curta-metragem “Watu Wote: All of Us”, apoiado pela ACN, concorrerá ao Oscar neste domingo

O filme “Watu Wote: All of Us”, indicado ao Oscar 2018 na categoria Melhor Curta de Ação, é baseado em uma história real e conta o que aconteceu aos passageiros de um ônibus numa viagem para Mandera, uma pequena cidade do Quênia, na fronteira com a Somália, em dezembro de 2015. O ônibus foi atacado por terroristas do Al-Shabaab. O grupo tentou repetir o ataque que realizaram um ano antes (em novembro de 2014). Nessa ocasião, os passageiros cristãos foram separados dos muçulmanos e, depois, assassinados. O massacre custou a vida de 28 pessoas. Desta vez, no entanto, os passageiros muçulmanos se recusaram a cumprir as exigências dos extremistas de se separarem dos cristãos, impossibilitando a identificação entre eles e salvando a vida dos cristãos.

 

O curta-metragem retrata o clima de desconfiança e medo “que é uma parte integrante de suas vidas”; o personagem principal é uma jovem cristã que já havia perdido seu marido e filho em um ataque jihadista anterior. Em muitas partes da África, grupos islâmicos violentos e radicais estão tentando fomentar a discórdia entre os muçulmanos e os cristãos. O Quênia ainda traz cicatrizes profundas do massacre realizado pelo grupo jihadista al-Shabaab no Colégio Universitário Católico Garissa, que resultou na morte de mais de 150 alunos, ou do ataque ao Centro Comercial Westgate, em Nairobi.

 

O produtor, Tobias Rosen, explicou que a ideia surgiu a partir de um pequeno artigo de jornal, na lateral das grandes notícias, e gerou essa “incrível história da roteirista Julia Drache, ao mostrar que a solidariedade entre as pessoas e a ação de cada um pode mudar o curso da história”. A principal mensagem do filme é que a mudança pode ocorrer através do sofrimento, mas também através da fé.  O filme, dirigido por Katja Benrath, com a fotografia de Felix Striegel, foi produzido em 2016 como um projeto de graduação para a Universidade de Cinema Hamburg Media School, da Alemanha, e foi patrocinado, entre outros, pela Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN). A entidade de caridade pastoral é reconhecida pelo seu trabalho de auxílio aos cristãos perseguidos, à defesa da liberdade religiosa e reconciliação.

 

O produtor conhecia o trabalho da ACN e entrou em contato com a fundação. “Eu estava procurando um parceiro adequado para este projeto, porque queria produzir um filme impressionante e autêntico. A ACN aceitou nos apoiar e foi fundamental para que pudéssemos superar as inúmeras dificuldades que enfrentamos para realizar este curta”, explicou Rosen.

 

“A autenticidade do filme era muito importante para nós. Por isso buscamos uma equipe de cinema no Quênia. A equipe e os atores eram quenianos e somalis, muçulmanos como cristãos. Entre os quenianos, havia representantes de todas as tribos. Isso foi importante porque é uma questão que abala a todos nós”, explicou o alemão de 34 anos, referindo-se assim ao título do curta-metragem: “Watu Wote: All of Us” (Todos nós).

 

“Alguns dos momentos mais difíceis ocorreram durante a filmagem no deserto de Magadi, sob o sol impiedoso, onde tínhamos pouca água e não havia tendas, nem banheiros, ou qualquer outra estrutura. Sinceramente, acho que todos nós pensamos em desistir em algum momento. Foram cinco dias que pareciam não terminar. Mas, ao mesmo tempo, vivemos alguns dos momentos mais emocionantes de nossas vidas, quando, primeiro, todos os somalis da equipe, assim que terminamos de filmar, começaram a dançar. Os quenianos logo em seguida. E, então, por nós. Nunca esquecerei esta cena de cristãos e muçulmanos, quenianos e somalis, todos dançando juntos sob o sol escaldante do deserto”, lembrou o produtor.

 

Além da nomeação ao Oscar na categoria Melhor Curta de Ação, “Watu Wote: All of Us” já ganhou mais de 60 prêmios em festivais de cinema, incluindo o Prêmio da Academia de Estudos de Ouro, que é um Oscar Estudantil; ganhou também como “Melhor Filme Africano” nos Festivais de Cinema Internacionais de Zanzibar e Durban.

Veja o trailer de “Watu Wote – All of Us”:

 

 

Sobre a ACN (Ajuda à Igreja que Sofre)

A ACN surgiu em 1947, após a Segunda Guerra Mundial, quando o padre holandês, Werenfried van Straaten, ao ver a miséria em que viviam os alemães derrotados e expulsos, começou na Bélgica a pedir ajuda para os inimigos de antes. Apesar de uma Europa dizimada pela guerra, o apelo à solidariedade do Pe. Werenfried ecoou e milhares de pessoas passaram a ajudá-lo com o que tinham. Nascia naquele momento a ACN (Ajuda à Igreja que Sofre).  À medida que o auxílio aumentava, a ACN se tornava conhecida e os Papas pediam que a obra se expandisse, não apenas para aqueles que passavam necessidades por conta da guerra, mas para todos os que sofriam por viver a sua fé. Assim a ACN se tornou uma Fundação Pontifícia com sede no Vaticano, e atualmente atende indiretamente mais de 60 milhões de pessoas por meio dos mais de 5 mil projetos apoiados anualmente pela entidade, em cerca de 140 países, incluindo o Brasil. Os projetos auxiliados pela ACN englobam a construção de casas, postos de saúde e escolas em regiões que sofreram ataques fundamentalistas; suporte aos refugiados (alimentação, medicamentos, agasalho e abrigo); recuperação de jovens dependentes químicos; apoio às vítimas de desastres naturais; produção e distribuição de material catequético; locomoção e transporte para religiosos e missionários; e construção e reconstrução de Igrejas.

Fonte: ACN

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