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quinta-feira, 25 abril, 2024.
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Como engrenagens de um relógio

A Igreja é como um grande relógio: os ponteiros, que todos veem em movimento, são como os missionários que levam incansavelmente a Palavra de Deus a todos os lugares. E como engrenagens de um relógio, escondidas por trás dele, estão as vocações contemplativas; que no silêncio de seus claustros, também trabalham ininterruptamente para que o todo cumpra o seu propósito. Assim afirmou um bispo ao visitar um convento de clausura.

No interior do Ceará, cidade de Juazeiro do Norte e terra de padre Cícero, estão quinze dessas preciosas “engrenagens”; seguindo a inspiração de São Bento, oram e trabalham para fazer crescer a Igreja de Cristo. A Abadia Nossa Senhora da Vitória, onde moram essas monjas, é um refúgio de profunda oração e reflexão; além disso, é um lugar de acolhida dos milhares de romeiros que chegam na cidade todos os anos.

Por quinze anos Madre Maria Aparecida foi a abadessa desse mosteiro. Agora, por causa da idade, está emérita do cargo. “Sou o Bento XVI da comunidade”, brinca a madre com irreverência. Essa alegria conservada em 54 anos de vida monástica é fruto de uma história cheia de “aventuras de fé”. Ela não criou muito vínculo com a fé na infância e juventude. Ela andava pelas praias, cinemas e festas de Niterói, Rio de Janeiro, onde morava. “Carnaval? Era comigo mesmo”, lembra a madre que tem sobre esse período de sua vida uma linda visão: “Jesus estava me esperando!”

Vocação: um chamado de Deus

Depois de terminar um namoro, em caminhos de casamento, a madre foi para uma igreja e chorou. “Lá era o único lugar que ninguém me perguntaria o que estava acontecendo.” Mas foi justamente aí que se deparou com uma presença que preencheu seu coração de uma maneira nunca antes experimentada. A partir de então sua vida mudou muito. Foi perdendo a vaidade, deixando as festas e passeios e passou a frequentar a igreja do bairro. Essa mudança radical assustou a mãe da jovem, que resolveu levá-la a um psiquiatra. O diagnóstico não podia ter sido mais acertado: “Olha, eu sou ateu, mas o que sua filha tem é essa coisa que chamam de vocação”, reconheceu o doutor.

Ademais, isso confirmou no coração da futura madre o que ela já aspirava com entusiasmo. Ainda sem saber como viver na prática a sua vocação, ela chegou a ter a data do casamento marcada. No entanto, seu coração tinha outras inclinações. Em um momento de decisão, que ela define como “dia do sacrifício de Abraão”, ela terminou o relacionamento e foi conhecer as irmãs beneditinas em Minas Gerais; bastou pisar naquele lugar para ter a certeza: “é aqui!”. Sabendo que seria um choque para sua família, Madre Maria fez as malas às escondidas e saiu dizendo que visitaria a irmã que acabara de se casar; porém seu verdadeiro destino, os pais souberam quando receberam sua carta, já de dentro do mosteiro. “Foi uma tragédia, mas como foi por Jesus, ele cuidou de tudo”. Madre Maria conclui com um sorriso dizendo: “Aqui na clausura nunca senti algo que se ouve falar muito pelo mundo aí fora, a tal da monotonia”.

A Fundação Pontifícia ACN, que apoiou a construção do Mosteiro Beneditino, apoia agora com uma ajuda existencial para manter as monjas; sobretudo para que muitas histórias como a de Madre Maria possam se repetir e frutificar em vocações tão importantes; desse modo, surgirão cada vez mais novos “ponteiros” e novas “engrenagens” que marquem um tempo fecundo para nossa Igreja.

Acredite, cada doação sua também é uma engrenagem que faz toda a Igreja acontecer.

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