Capítulo 1: O chamado à santidade

Exortação Apostólica sobre o chamado à santidade no mundo atual

Divulgação

No centro da Constituição sobre a natureza da Igreja, a famosa Lumen gentium, o Concílio Vaticano II, há meio século, colocou um importante capítulo sobre “a vocação universal à santidade”: todos os homens e mulheres, criados à imagem e semelhança de Deus, três vezes Santo, somos chamados a participar de sua santidade.

Empenhado em atualizar a Igreja de acordo com o Concílio, o Papa Francisco, em sua mais recente Exortação Apostólica Gaudete et Exsultate , aborda o tema do chamado universal a sermos santos, como homens do nosso tempo, fundamento de toda autêntica atualização da Igreja.

Confessamos, como cristãos católicos, que Jesus é o salvador de todos os homens e mulheres, qualquer que seja o tempo, a cultura ou a religião em que vivam. No mais profundo de nosso coração, há um anseio de paz, de felicidade e de amor que dá sentido à nossa vida. A leitura e meditação desse texto pessoal e direto do Papa Francisco mostra-nos o caminho de Jesus, que nos leva todos à plena realização de nós mesmos, atendendo ao chamado do Espírito de Jesus, a ser ouvido no mais íntimo de nós mesmos.

Confira, abaixo, alguns excertos da Exortação, que podem guiar essa nossa meditação:

Alegrai-vos e exultai (Mt 5,12), o Senhor nos quer santos e espera que não nos resignemos com uma vida medíocre, superficial e indecisa [Nº 1]
O meu objetivo é humilde: fazer ressoar o chamado à santidade, encarnada no contexto atual, pois o Senhor escolheu cada um de nós “para ser santo e irrepreensível na sua presença, no amor” (cf. Ef 1,4) [Nº 2]
O Espírito Santo derrama a santidade, por toda a parte […] Os santos, que já chegaram à presença de Deus, mantêm conosco laços de amor e comunhão […], pois “aprouve a Deus salvar-nos e santificar-nos, não individualmente, mas constituindo-os em povo” [Nº 4-6]
No caminhar do dia a dia, vejo a santidade da Igreja nesta terra, santidade “ao pé da porta”, nossa e dos que vivem junto de nós, reflexo da presença de Deus, espécie de “classe média da santidade” [Nº 7]
Mesmo fora da Igreja Católica e em áreas muito diferentes, o Espírito suscita “sinais da sua presença”[Nº 9]
Cada um por seu caminho”, diz o Concílio [Nº 11]
Isto deveria nos entusiasmar e animar cada um de nós a dar o melhor de si mesmo para crescer rumo àquele projeto, único e irrepetível, que Deus nos quis, desde toda a eternidade [Nº 13]
Todos somos chamados a ser santos, vivendo com amor e oferecendo o próprio testemunho nas ocupações de cada dia, onde cada um se encontra. Deixa que tudo esteja aberto a Deus e, para isso, escolhe Deus sem cessar. Não desanimes, pois tens a força do Espírito Santo [Nº 15]
Esta santidade, a que o Senhor te chama, irá crescendo com pequenos gestos […] à medida que vamos encontrando uma forma mais perfeita de viver o que já fazemos […]  Sob o impulso da graça divina, com muitos gestos aparentemente insignificantes, vamos construindo a figura de santidade que Deus quis para nós [Nº 16-18].
Para um cristão, não é possível imaginar a própria missão na terra, sem a conceber como um caminho de santidade. Cada santo é uma missão, um projeto do Pai que visa refletir e encarnar, num momento determinado da história, um aspeto do Evangelho […] No fundo, a santidade é viver em união com Cristo os mistérios da sua vida […] O desígnio do Pai é Cristo, e nós n’Ele. Em última análise, é Cristo que ama em nós, porque a santidade “nada mais é do que a caridade plenamente vivida”. Cada santo é uma mensagem que o Espírito Santo extrai da riqueza de Jesus Cristo e dá ao seu povo [Nº 19-21].
Isto é um vigoroso apelo para todos nós. Tu precisas conceber a totalidade da tua vida como uma missão. Pede ao Espírito Santo que realize em ti o que Jesus espera de ti, em cada momento da tua vida e permite-Lhe plasmar em ti aquele mistério pessoal que possa refletir Jesus Cristo no mundo de hoje […] Deixa-te transformar pelo Espírito para que isso seja possível, e assim a tua preciosa missão não fracassará [Nº 23-24].
Dado que não se pode conceber Cristo sem o Reino que Ele veio trazer, tua identificação com Cristo e os seus desígnios requer o compromisso de construíres com Ele este Reino de amor, justiça e paz para todos [Nº 25]
Não é saudável amar o silêncio e esquivar o encontro com o outro, desejar o repouso e rejeitar a atividade, buscar a oração e menosprezar o serviço […] Poderá porventura o Espírito Santo enviar-nos para cumprir uma missão e, ao mesmo tempo, pedir-nos que fujamos dela ou que evitemos doar-nos totalmente para preservarmos a paz interior? Obviamente não. Mas, às vezes, somos tentados a relegar para posição secundária a dedicação pastoral e o compromisso no mundo, como se fossem “distrações” no caminho da santificação e da paz interior [Nº 26-27].
O desafio é viver de tal forma a própria doação, que os esforços por ela exigidos tenham um sentido evangélico e nos identifiquem cada vez mais com Jesus Cristo. Por isso, é usual falar, por exemplo, duma espiritualidade do catequista, do clero diocesano, do trabalho, da missão, duma espiritualidade ecológica e da vida familiar [Nº 28].
Precisamos dum espírito de santidade que impregne tanto a solidão como o serviço, tanto a intimidade como a tarefa evangelizadora, para que cada instante seja, sob o olhar do Senhor, expressão de amor doado [Nº 31].
Não tenhas medo da santidade. Não te tirará forças, nem vida nem alegria. Muito pelo contrário, porque chegarás a ser o que o Pai pensou quando te criou e assim serás fiel ao teu próprio ser […] Não tenhas medo de apontar para mais alto, de te deixares amar e libertar por Deus. Não tenhas medo de te deixares guiar pelo Espírito Santo [Nº 32-34].
A santidade não te torna menos humano, porque é o encontro da tua fragilidade com a força da graça [Nº 34]
Fonte: Jornal o São Paulo

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