Atitudes para acolher o Menino Jesus!

    O tema deste 3º Domingo pode girar à volta da pergunta: “e nós, que devemos fazer?” Preparar o “caminho” por onde o Senhor vem significa questionar os nossos limites, o nosso egoísmo e comodismo e operar uma verdadeira transformação da nossa vida no sentido de Deus.

    A figura maiúscula de São João Batista continua conosco neste terceiro domingo do advento. Ele foi chamado para anunciar a chegada do Messias. São João Batista falou para muitos: para os pobres, para os publicanos, para as multidões e todos os que se abriram para ouvir a sua voz e acolher a sua mensagem estavam acolhendo a chegada do Senhor Jesus Cristo. São João Batista mostrou que aquele que vai chegar é maior do que ele. Quem deseja encontra-lo deve andar no caminho da justiça, da honestidade, do bem, da misericórdia, da partilha e do respeito pelos outros. Respeitar a todos, até aqueles que nos incomodam e que são pedras em nosso sapato.

    O Evangelho (cf. Lc 3,10-18) sugere três aspectos onde essa transformação é necessária: é preciso sair do nosso egoísmo e aprender a partilhar; é preciso quebrar os esquemas de exploração e de imoralidade e proceder com justiça; é preciso renunciar à violência e à prepotência e respeitar absolutamente a dignidade dos nossos irmãos. O Evangelho avisa-nos, ainda, que o cristão é “batizado no Espírito”, recebe de Deus vida nova e tem de viver de acordo com essa dinâmica.

    No relacionamento das pessoas, na superação do radicalismo, no reconhecimento dos valores de cada um, na capacidade de diálogo, inclusive diálogo entre as nações, deixando cada vez mais para trás o recurso à guerra como único caminho para se resolverem os conflitos, no respeito à própria natureza, crescendo sempre mais a consciência de que é preciso defender os bens que são de todos, como a água, o verde, e até o silêncio e a harmonia. E, se muita coisa continua errada – como atestam os assaltos e as violências de todo tipo – é porque os homens não estão aceitando a proclamação do Evangelho. É porque nós, cristãos, não sabemos ser esse fermento na massa que modifica o mundo numa santificadora levedação espiritual. Não sabemos ser essa luz que ilumina pelo exemplo de sabedoria. Não sabemos ser o sal que tempera a sociedade com o sabor do bem e da virtude. Temos que aprender de São João Batista a não sermos caniços que o vento dobra, nem criaturas cheias de vaidade.

    A primeira leitura(cf. Sf 3,14-18a) sugere que, no início, no meio e no fim desse “caminho de conversão”, espera-nos o Deus que nos ama. O seu amor não só perdoa as nossas faltas, mas provoca a conversão, transforma-nos e renova-nos. Daí o convite à alegria: Deus está no meio de nós, ama-nos e, apesar de tudo, insiste em fazer caminho conosco.

    A segunda leitura (cf. Fl 4,4-7) insiste nas atitudes corretas que devem marcar a vida de todos os que querem acolher o Senhor: alegria, bondade, oração.

    Deus não pede a mesma coisa aos cobradores de impostos e aos soldados, mas pede a todos para fazerem algo que manifeste mais justiça, mais generosidade, mais paz. É no momento em que os homens se deixam batizar na água do Jordão que perguntam o que devem fazer. Se vêm encontrar João Batista, é porque procuram converter-se, procuram tornar-se homens novos. Aceitam viver outra coisa a fim de se tornarem outros. Mas vem o dia, anuncia o Percursor, em que a conversão não é apenas obra do homem, mas ação comum de Deus e dos homens: vem Aquele que batizará no Espírito Santo e no fogo para fazer surgir um mundo novo e varrer o velho mundo. A Boa Nova que João Batista anuncia ao povo é precisamente a intervenção de Deus em pessoa pela vinda do Messias que vai comprometer a humanidade nesta renovação radical, fruto da Aliança Nova selada entre Deus e a humanidade, Aliança com os dois parceiros da salvação: Deus e o homem.

    Vamos, nestes dias em que já iniciamos a Novena de Natal, procurar fazer uma boa confissão para a celebração do Natal. No perdão sempre recebemos a alegria do céu; tanto quem perdoa, como quem é perdoado, nós experimentamos pela confissão a verdadeira liberdade. Quando pedimos o perdão de Deus e iniciamos uma nova vida para bem celebrar o Natal estamos praticando a justiça e a partilha que nos prepara para acolher bem e melhor o Messias que vai chegar!

    A voz de São João Batista continua nos interpelando: a exortação de ontem de São João Batista para as multidões à partilha com os mais pobres deve ser um imperativo para viver bem o Natal. Hoje, São João Batista nos diria para transformarmos a festa comercial de Natal numa ocasião de partilha mais generosa. A atenção ao quotidiano sugerir-nos-á como partilhar! Não são necessárias coisas extraordinárias. Basta deixar iluminar pela Boa Nova de Jesus a nossa vida de todos os dias com a partilha generosa e com a acolhida sincera.

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